Hábitos e costumes são a essência da cultura. Mas também são frágeis e manipuláveis.
Vejam o caso do nosso Carnaval: é, isso existiu mesmo!
Os três dias eram "celebrados" com muita alegria na cidade. Quem de nós não teve a oportunidade de ir a um baile em um clube ou mesmo brincar na rua, mesmo com a convivência com os terríveis espirradores de água que faziam com que os coletivos circulassem com a janelas hermeticamente fechadas?
Quem por um acaso atirou uma porção de sangue-de-diabo num folgoso casal vestido de branco no meio do viaduto do Chá?
Não existia a loucura do êxodo para fugir desta cidade. Todos se divertiam à sua moda, ainda que apenas acompanhando pela TV Record o concurso de resistência carnavalesca. Sem contar os dias de preparação, contagem regressiva, marchinhas da época lançadas na televisão através do Carnaval Orniex.
E os salões de baile? Não existem mais nem os dos clubes tradicionais, quanto mais aqueles que só faziam Carnaval, como o Arakan.
E o hábito da época dividia o carnaval em dois períodos distintos, como diziam na época os cantores da MPB: "Esta música gravei para o Carnaval, esta outra é de meio de ano".
Nem Palmeiras, nem Corinthians, nem Juventus, nem Paulistano faz mais os bailes noturnos e as queridas matinês do domingo e da terça.
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