Rua Loureiro Batista – Vila Mariana

A segunda metade da década de 50 transcorria alegremente para nós crianças que morávamos na Rua Loureiro Batista – Vila Mariana. Esta rua fica na altura do número 700 da Rua França Pinto e é bem curta. Antigamente terminava em um paredão de uma fábrica de serpentina e confete. Possuía três travessas com denominações de travessa 1, 2 e 3, sem saída, ou seja, era uma vila.

As casas eram geminadas e de propriedade do antigo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), que cobrava aluguel dos inquilinos. Existiam várias turmas de crianças e o grupo se formava pela faixa etária. A minha turma era constituída de seis meninos e até hoje, de vez em quando, nós reunimos para relembrar nossas peripécias. Tudo era alegria: futebol na rua, jogos de taco, empinar papagaio, passeios de bicicleta e principalmente as festas juninas, que eram sempre esperadas ansiosamente.

Toda a vizinhança se reunia e faziam comemorações memoráveis. Uma festa junina que ficou na história foi quando o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo, no final de junho de 1958 (eu tinha 9 anos).

Porém, para ser sincero nem tudo era só alegria. Certos dias eram terríveis para nós; eram os dias em que nossos pais determinavam a nossa ida a barbearia para cortar o cabelo. A barbearia era do ‘Seu’ Chiquinho, onde trabalhavam vários barbeiros. Quando chegávamos ao local, o ‘Seu’ Chiquinho já avisava que só poderíamos cortar o cabelo com ele.

Queríamos um corte com cabelo mais cheio, mas nossos pais já tinham combinado anteriormente com o ‘Seu’ Chiquinho e pensavam de outra forma. Sempre era realizado o corte denominado americano que era extremamente curto. Saíamos muito bravos, mas não tinha jeito, na próxima vez o cenário se repetia. Assim era o ‘Seu Chiquinho’. Assim era?

Assim é o Seu Chiquinho, pois ele continua do mesmo jeito trabalhando diariamente na sua barbearia que fica na Rua França Pinto, aos 95 anos de idade. Aliás, ele que é irmão do meu sogro, bateu todos os recordes mundiais na sua atividade profissional e já foi entrevistado pelos mais variados meios de comunicação.

Que saudades daquele tempo! Mas agora pelo menos temos uma vantagem, podemos exigir nosso corte de cabelo mais cheio, pelo menos aqueles que ainda possuem cabelo…

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