Viva!

Lembro-me com saudades de alguns lances de minha infância e mais um deles contarei aqui. Sou a caçula de uma família de três irmãos e meu pai, muito alegre, me contagiava. Assim era nossa vida em São Paulo: pobre, porém feliz.<br><br>A casa que ele conseguira a custa de muito trabalho e economia ficava no alto e aos poucos mandou construir mais duas na parte baixa do quintal (terreno em desnível), onde moravam meus tios e um casal amigo que nos pagavam aluguel; assim a vida começou a se tornar mais confortável.<br><br>A água era retirada do poço por uma bomba que ficava dentro de uma peça de madeira bem grande, chamada por nós de "caixão da bomba". Era coberto e bem tampado e lá brincávamos meus irmãos, meus primos e eu; ficava próximo ao tanque de lavar roupas.<br><br>Certo dia, ouvimos palmas no portão e as pessoas foram logo se identificando: duas moças se diziam promotoras e estavam lançando um produto novo no mercado (alguns aqui devem se lembrar que até meados de 1950 só se usava sabão em barra) e queriam fazer uma demonstração. Pediram à minha mãe que tampasse o tanque de lavar roupa e o deixasse encher pela metade. Como flocos de neve caindo, o produto foi misturado à água e pela agitação das hábeis mãos daquelas moças, formava uma espuma que deixava a roupa incrivelmente branca! Espanto geral!<br><br>Maravilhadas, minha mãe, minha tia e nós, crianças, vibrávamos com a novidade, nada menos do que o sabão granulado Rinso! E o melhor de tudo foi que elas deixaram duas caixas como brinde.<br><br>Passou a circular nessa época nas rádios a propaganda onde alguém gritava:<br>- “Viva o sabão granulado Rinso!” – e outras vozes respondiam:<br>- “Viva!”<br><br>Mais uma das novidades de consumo, vindas para facilitar a vida das donas de casa da época: Rinso, filho do sabão em pedra e pai do sabão em pó.<br>- “Viva!”<br><br><br>Email: [email protected]<br>