Quando fiz o ginásio na década de 70, tínhamos aula de Contabilidade. O professor Reinaldo, mestre na área, era severo com os alunos, mas excelente pessoa. Tinha suas "tiradas": aluno que tirasse abaixo de 5 na prova recebia um "diplominha". Cada vez que ele voltava com as provas corrigidas e embaixo do braço trazia alguns "canudos", todos se arrepiavam… De quem seriam aquelas provas? E, como sempre, ele deixava a classe em expectativa, deixando para entregar por último aqueles "diplomas"…
Quando na lousa escrevia e uma fina ponta de giz escorria pelo quadro, ele ficava olhando até aquele pó cair no aparador. A classe então seguia a rota do pó de giz, assobiando em tom de granada lançada e, quando caía, todos faziam "BUM!".
Quando a última aula era dele e chegavam as cadernetas carimbadas com a presença, ele entregava lançando as mesmas para o aluno. Certa vez a caderneta de um aluno saiu literalmente voando pela janela feito borboleta, indo parar no pátio. Nunca mais ele fez aquilo. Daquela data em diante ele esperava aluno ir até a mesa, pegar com ele.
Para decorar a matéria, tínhamos uma rima: "O que entra debita, o que sai credita". O que era difícil mesmo era usar aqueles cinco caderninhos para fazer a contabilidade: Borrador, Caixa, Contas Correntes, Razão, Diário. Prazos de fatura, emissão de notas fiscais!
Hoje, com os bancos cobrando IOF, CPMF (até bem pouco tempo), taxa de manutenção de conta e mais sei lá o quê, o meu saldo nunca bate!
Cadê o Prof. Reinaldo?
e-mail do autor: [email protected]