No Centro de SP, e também em alguns bairros que conheci, como Santo Amaro, Penha, Lapa, Freguesia do Ó, etc., há alguns anos atrás, o agito das pessoas era algo fenomenal. No centro, nas praças e nos terminais, galerias… Todos se viravam como podiam, e a graça desse tempo é que não se via violência entre nós da população.
Qualquer que fosse a atividade do morador da cidade de São Paulo, independente de sua classe social, a gente observava um respeito ao ser humano, que trazíamos de nossa própria casa, e uns com os outros, não importando se fossem idosos, adolescentes, jovens ou mulheres. Na empresa ou firma em que trabalhávamos, nossa amizade com eles, funcionários e diretores, se processava na maior naturalidade.
Não sei se essa observação era pessoal, em se tratando de um jovem em torno de seus 20 anos. Penso que essa atitude era geral. Nossa geração era movida por bons sentimentos patrióticos, respeitava-se a bandeira nacional, os hinos e as datas em que se comemoravam a nossa independência e a república brasileira. Nós, jovens, não dávamos muita bola para os políticos, pois tínhamos as novidades do mundo da arte, do som, da bossa nova, do rock e das grandes bandas que existiam.
Nós nos apegávamos à moda: cabelos compridos, calças boca de sino e nos vestíamos com capricho, talvez para imitarmos os ídolos e merecer a atenção das garotas, meninas que vibravam com o ritmo frenético das musicas e nós, seguindo essa trilha, nos esmerávamos para acompanhar a moda.
Nos sábados é que geralmente damos aquela caprichada no visual e saíamos em busca de aventuras amorosas, nas festinhas americanas como algumas eram chamadas. Mesmo não sendo convidado, agindo como "penetras", dava-se um jeito da gente entrar. Não lembro de ver nesses encontros, atos de vandalismo; era normal, muito normal a gente se dar bem ou "mal" com as garotas numa disputa bastante alegre e democrática.
Tomávamos em geral a Cuba Libre, mistura de vodka e refrigerante em copo long drink e gelo às vezes com limão; assim, a vodka misturada era utilizada para ficarmos mais à vontade.
Normalmente quando escrevemos, sempre aparece algum saudosista ou alguma saudosista para deixar seu comentário. Nestes casos, muitas vezes, se inicia uma amizade, mesmo virtual, que nos alegra o viver. Nossos tempos, por vezes, se mostram difíceis entre escândalos financeiros, terremotos e "tsunamis". Os tsunamis de nosso tempo eram as guerras mundiais, a ameaça de bombas atômicas como aconteceu em Hiroshima e Nagasaki, a guerra fria entre as grandes potências.
A gente se aborrece, quando a nossa "juventude transviada" de hoje, apela para a depredação, muita bebida e drogas, demonstrando falta de respeito e educação consigo mesmo e para com os outros. Nós, os coroas, somos bem entendidos nessa questão. Nós entendemos como ninguém o que seja a vida social. Portanto, aprendam conosco: ainda é tempo.
Claro que hoje em dia a gente também vê, com muita alegria, jovens se destacando em suas profissões e seus estudos, numa época bastante concorrida para eles. Esses são exceções que o viver de sua existência deixará, com certeza, marcas profundas.
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