O ano era o 1971, o bairro dos Campos Elíseos, Rodoviária da Luz, onde milhares e milhares de pessoas como eu chegavam dos lugares mais longínquos do Brasil em busca de uma vida melhor, meus pais e cinco irmãos aqui chegamos com esta expectativa.
Fomos morar no distante bairro de Ermelino Matarazzo, onde não havia asfalto em quase nenhuma das ruas, a não ser nas principais, não havia água encanada (era de poço) e muito menos rede de esgotos, mas era um tempo muito bom, nos remetia a Minas Gerais de onde viemos, pois as condições eram parecidas com as que deixamos lá, onde não havia também água encanada e tínhamos outras carências.
Havia naquele bairro muitos terrenos vazios, onde cresciam pés de mamonas em profusão, passarinhos dos mais variados, íamos à escola pública a pé, mas era divertido, a escola era muito boa, diferentemente de hoje, onde realmente aprendíamos, respeitávamos os professores, usávamos uniforme, cantávamos o hino nacional todos os dias (afinal de contas estávamos no regime militar), mas havia respeito entre as pessoas e tínhamos senso de patriotismo.
Com o passar do tempo, o bairro segundo o conceito de alguns melhorou, no meu conceito piorou muito, hoje é super populoso e carente, as escolas não funcionam mais, não podemos sair ou chegar tarde da noite, as ruas se tornaram perigosas, mas, o que me resta é que apesar de tudo fomos criados no bairro, nos tornamos cidadãos de bem, meus pais voltaram, mas continuamos ainda aqui, me considero um sobrevivente desta cidade.
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