Antes de me casar, já noivo daquela que há 58 anos me atura, e já com o casamento marcado, um dia meu futuro sogro me falou que um seu amigo, corretor de imóveis, estava vendendo um conjunto de sobradinhos em Itaberaba, bairro entre a Freguesia do Ó e a Vila Brasilândia. Eu tinha feito umas economias para comprar móveis e para as demais despesas do casamento. Embora eu argumentasse que o casamento estava próximo, acabei dando a entrada e financiando em 15 anos. Fiquei a zero. Mesmo assim casei-me na data prevista. Meu sogro me deu os móveis de cozinha (2 armários de parede, a mesa e 4 cadeiras). Os móveis da sala e do quarto eu comprei a prestação no Mappin da Praça Ramos de Azevedo, os mais baratos que tinha. De volta de nossa "lua de mel" na Cidade Ocian, na Praia Grande, fomos morar em nosso sobradinho geminado recém construído. Aí começaram os problemas: não havia água, pois o poço artesiano que abasteceria o conjunto ainda não estava terminado. Minha mulher ia buscar água numa cisterna que ficava além de um corregozinho. Assim que ligaram o abastecimento de água percebi que não tínhamos chuveiro. Nem o chuveiro frio fora instalado. Só tinha o cano. Improvisei então com uma escumadeira de coar macarrão. O fogão, cedido pela avó de minha mulher era movido a querosene, fazia fumaça e não aquecia. Eu ia para o trabalho em um laboratório farmacêutico situado na Rua Silveira Martins, travessa da Praça Clóvis Beviláqua. Que drama! Saía de casa às 5h30 para pegar no serviço às 8h. A fila do ônibus não andava porque iam chegando os amigos daqueles que estavam mais a frente. Depois vinham os amigos dos amigos. Ainda bem que existiam os "caminhões pau de arara", nos quais nós subíamos e íamos na carroceria nos equilibrando até o largo da Pompéia, onde tomávamos o bonde até a Praça do Correio. Nossa permanência em Itaberaba durou apenas 2 meses. Fomos para a casa de minha mãe na Rua Turiassú e logo nos mudamos para uma casinha de fundo na Rua Coriolano. São lembranças não muito agradáveis de Itaberaba.
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