Nascido no Bixiga, nome popular da Bela Vista, tradicional bairro paulistano. Francisco Coffoni hoje possui setenta e sete anos e reside no Aeroporto. Filho de Miguel Coffoni e Gemma Luzzo Coffoni e bisneto de imigrantes italianos, traduz em sua figura simpática, divertida e sábia grande parte da vivência e alegria herdada e disseminada por seus antepassados.
Menino feliz e perspicaz, teve uma infância rica em brincadeiras, peraltices e contatos com a natureza. Bem orientado pela família, dedicava-se em primeiro lugar aos estudos; porém, foi um menino curioso e arteiro. Adorava a famosa corrida de poste em poste com vários participantes para ver quem chegava mais rápido de um poste a outro, sempre no período noturno, o que rendiam aos participantes e público assistente muitas gargalhadas ou confusões.
Chiquinho, como era conhecido, muito franzino, sempre quando ocorriam trapalhadas era defendido por sua prima Thereza, menina de sua idade, porém, alta, corpulenta e que não levava desaforos para casa.
Outra diversão predileta nesse período era a atividade futebolística, que com seu irmão Pedro desenvolvia em treinos em um campo improvisado, atrás de sua casa. Os adultos admiravam sua habilidade como exímio driblador, que com muita velocidade conduzia a bola a bel prazer.
Uma passagem marcante do tempo de criança ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando ainda havia os exercícios aéreos com aviões de bombardeio, que possuíam dois motores e de peso elevado; e numa determinada tarde jogando bola com amigos, deparou-se com um e assustou-se ao constatar perplexo que o mesmo estava parando os motores e rodando em piruetas e em excessiva velocidade. Alertou aos amiguinhos, que a princípio não acreditaram, só após verificarem que o mesmo estava em queda livre e em direção ao local onde estavam.
O piloto parecia aturdido e tentava em vão plainar o avião, pretendendo aterrissar na Avenida Nove de Julho, o que não conseguiu. Em parafuso, a aeronave entrou de cheio e de ponta em um terreno baldio com uma certa inclinação, ficando à vista somente a traseira do leme.
Na adolescência, Chiquinho quase se profissionalizou como jogador de futebol, pois atuou com destaque em muitos times amadores da época, só não conseguindo êxito pela estatura baixa e por ser muito magrinho.
Passou, então, a apreciar e a observar a dança de salão e se apaixonou por essa arte, tornando-se um excelente bailarino. Rodopiava em bailes famosos a convite de seu amigo e vizinho, o falecido cantor da Bossa Nova,A gostinho dos Santos, do qual era vizinho.
Nesta época, ao se preparar para os bailes, aturdia suas irmãs Wilma e Ana Maria, pois demorava horas no único banheiro da vila onde viviam, cantarolando.
Muito trabalhador e criativo, Francisco trabalhou em várias empresas nos ramos de contabilidade e de vendas. Destacou-se tanto como dançarino, que viveu a boemia dos Anos Dourados e só parou quando conheceu, em Santo Amaro, uma moça que trabalhava na mesma firma que ele e por incrível que pareça, chamava-se Francisca.
Ele mesmo relata que ela era muito mais bonita que ele, mas acabou se apaixonando por sua figura engraçada. Casaram-se no início dos anos 60 e tiveram três lindas filhas. Foram muito felizes e unidos.
Hoje Francisco é viúvo e possui dois netos. Aposentado do ramo da indústria farmacêutica, continua ativo, risonho, contando histórias de São Paulo e vivendo com sua filha solteira, Liliane, e com um gato de estimação.
Francisco é parte integrante da memória viva de São Paulo com suas peculiaridades e belezas singulares.
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