Externato Santa Cristina, Avenida Guapira, bairro do Tucuruvi, meados dos anos 60. Foi lá que iniciei meus estudos, falando como era naquela época o primário. A Diretora, era como chamávamos Dona Lalá e a bedel era Dona Terezinha.<br><br>Sentado nas carteiras de madeira comecei aprender o abecedário pelo livro Caminho Suave, talvez uma das mais antigas cartilhas escolares, nunca esquecerei como aprendi as letras, "X" de xadrez, "V" de vaca, "Z" de zabumba, depois de cada letra vinha uma estória para ilustrar. <br><br>Morava na Rua Ministro Kelly, próximo a uma igrejinha, onde os fiéis acendiam velas para seus entes que partiram ou em pagamento de alguma promessa. Na realidade este local é conhecido por "capelinha", parece que ainda existe até hoje.<br><br>Lembro-me de algumas vezes, após sair da escola, seguia em direção ao Cine Fidalgo, seguindo na própria avenida, ao seu lado ficava o ponto final de onibus, que era administrado pela prefeitura municipal, conhecida como CMTC. As cores destes ônibus eram o azul e o amarelo, e neste ponto a linha era Tucuruvi/Praça do Correio, bem ao lado de uma padaria e também de uma pequena banca de jornais. Foi ali que comecei a ter mais gosto pela leitura, comprava quando podia meus gibis favoritos, do colorido Pato Donald e dependendo do meu dinheiro algum Roy Rogers ou mesmo Durango Kid em preto e branco. Por vezes caminhava até a Avenida Tucuruvi, centro do comércio do bairro e fazia isto até a estação de trem que ali existia, conhecida como Cantareira, transformada hoje na estação do metrô Tucuruvi.<br><br>Nesta mesma avenida subindo mais um pouco, havia o Grupo escolar Silva Jardim e ao seu lado outro cinema, o Tucuruvi e subindo mais, o cine Valparaiso, o maior destes do bairro. Estes três cinemas me fizeram ser o cinéfilo que sou hoje, por começar assistir filmes nas famosas matinês que eram exibidas todos os domingos.<br><br>Voltando ao Externato, terminei o primário e segui meus estudos, os anos passaram, como para todas as pessoas tudo muda, nesta trajetória deixei o bairro no início dos anos 70, e voltei a visitá-lo para recordar um pouco nos anos 90, desta vez com meu filho ainda pequeno.<br><br>Claro, que tudo estava diferente, mas ao passar em frente ao Externato o sentimento foi maior, ele já não existia mais, quando fechou? Que teria acontecido com Dona Lalá ou Dona Terezinha? Meus amigos, minhas coleguinhas, onde estarão hoje?<br><br>Estas perguntas talvez eu nunca obtenha respostas, mas na minha vida todas estas lembranças estarão vivas principalmente por vivê-las nesta cidade de São Paulo. <br><br>E-mail: [email protected]