Não sei bem em que data era feita a quermesse lá na Rua Maria Eugenia. Se era na comemoração do dia de “Cristo Rei” ou na semana festiva dele. Só sei dizer que tinha a barraca do pastel, do churrasco, da roleta, da casinha do coelho, da pescaria, do bingo, do beijo (no rosto), da argola e havia mesas para comer um lanche, ficar ouvindo uma música, ou quem sabe receber o “correio elegante” (ou enviar), para uma simples paquera.
Aqui em Vera, além de tudo isso, havia a dança da vassoura. Quem a recebia cedia a dama e saia a procura de outra. O rapaz que terminava com a vassoura na mão era alvo de grandes gozações. A próxima dança era ele quem começa a roubar a dama.
Em uma dessas quermesses, lá da Igreja Cristo Rei, no Tatuapé, no meio de uma conversa com os amigos, recebi um correio elegante, mal dando para abrir, porque o Carlos retirou da minha mão:
– “Deixa eu ver do que se trata, porque deve ser alguma brincadeira da molecada.”
No correio perguntava o meu nome. O Carlos afirmava que não era para responder. Recebo outro correio, retirado novamente da minha mão, cobrando a resposta, no que diz o Carlos:
– “Assim que essa menina vier entregar novo correio, vou dar-lhe uma bronca e cobrar dela qual dos moleques está querendo gozar com a tua cara.”
Assim que ela retornou, o Claudio já foi logo dizendo:
– “Escuta aqui menina. Fala para esses caras pararem de gozar com a gente.”
No que ela respondeu:
– “Deixa de ser chato menino, quem está escrevendo para ele sou eu mesma.” (risos da galera).
O Carlos não sabia onde “enfiar a cara” e eu pelo meu lado fiquei todo ruborizado.
Nós que enviamos nossos relatos comentando algo ocorrido na nossa época, traduzimos a inocência que era viver naquele tempo que não tinha “Rep”, craque era um cara bom de bola, torcida uniformizada nem pensar e o namoro era no portão, no cinema, a irmã ou a prima iam junto ou em qualquer lugar que íamos tinham as famosas velas nos acompanhando (risos).