Já relatei algumas histórias, aqui no site, do meu querido bairro do Limão, mas o bairro da Casa Verde também fez parte da minha vida. Foi lá que fiz o colegial, de 1979 a 1981, na Escola Padre Manoel da Nóbrega, conhecido como Matão, localizado na Rua Santa Prisca, rua perpendicular à Rua Reims.
O Matão era também chamado a "USP" da Casa Verde, pois tinha de se fazer um vestibulinho pra se qualificar e estudar lá. Os professores eram muito bons e bem qualificados. Esta escola foi fundada nos idos anos de 1951 e teve como ex-alunos gente famosa, como o boxeador Eder Jofre, o cartunista Angeli e o jogador de vôlei Montanaro. Lembro-me com saudades dos professores Benjamim, de Matemática, da Alair, de Geografia, do mestre Antão, de música, do Bade, de Vôlei, e do diretor, Sr. Tancredi, dentre tantos outros que não cito aqui, mas de igual valor.
Havia uma rotina diária de abertura das aulas. Antes que soasse o sinal de entrada, o Sr. Tancredi aparecia na porta que dava acesso às salas de aulas e pedia para cantarmos o Hino Nacional e que, ao final do mesmo, não aplaudíssemos, pois segundo ele, não era admitido este tipo de manifestação e não havia necessidade. Contudo, sempre havia os engraçadinhos que, só pra irritá-lo, aplaudiam. E lá vinha mais sermão, mas que, hoje, tempos depois, vejo como ensinamentos de vida.
Durante o nosso recreio, nos megafones instalados no pátio, ouvia-se música, as quais eram sempre as mesmas, ou melhor, a mesma: Estudante do Brasil, a tua missão é a maior missão, etc. Era quase como uma lavagem cerebral, de tanta repetição.
Eu sou do tempo que existia a caderneta de notas, na qual a presença era carimbada todos os dias. Esta função era da inspetora, alcunhada de "Azeitoninha", pela sua baixa estatura, por ser um pouco avantajada no peso e pelo seu mau humor diário. Lógico que a própria não fazia idéia do apelido que puseram nela, mas todos lhe chamavam assim. Bom, ela passava todos os dias, classe por classe e recolhia a caderneta e levava pra sua sala, para registrar a presença e devolver no final da última aula. Numa certa vez, aproveitando que a "Azeitoninha" não estava em sua sala, eu e uma amiga, num ato puramente impensado e imaturamente juvenil, entramos e tiramos da ordem e misturamos as cadernetas de todas as classes.
O prejuízo foi nosso mesmo, pois tivemos que esperar mais de uma hora depois do final da última aula pra receber as cadernetas de volta, pois segundo nos informaram, haviam "vandalizado" a sala da inspetora. Eu me senti muito mal, pois não era do meu feitio fazer uma coisa destas. Enfim, aqui está uma confissão publica de um ato praticado há vinte e poucos anos atrás.
Houve um episódio que realmente alarmou a escola toda: uma bomba caseira explodiu num dos banheiros do pátio. Foi uma balburdia, todos saíram de suas classes para ver do que se tratava, o cheiro de queimado no ar era forte e as aulas foram suspensas, pra saber se não havia outros artefatos dentro da escola. O culpado se entregou, ou "deduraram" ele, enfim. O dito cujo, não me lembro o nome, ficou suspenso por um par de dias.
Acho que acabei contando os maus feitos daquele tempo ao invés de enaltecer e contar do meu proveitoso aprendizado dos meus tempos escolares. Entretanto afirmo: o ensinamento que obtive no Matão foi muito valioso, pois nem precisei fazer cursinho pra entrar na faculdade. Este foi um tempo em que a escola realmente ensinava e você realmente aprendia. Este era o Matão que eu conheci e venero, mas até hoje não sei o porque deste codinome; a razão lógica que me ocorre é a possível existência de um matagal que cobria aquela região!
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