No passado ou no presente esta cidade de São Paulo sempre terá histórias para serem recordadas. Em cada bairro, em cada praça, em cada rua ou viela haverá um personagem e uma história.
Esta semana chamou a minha atenção a história da bicicloteca, ou seja, uma biblioteca adaptada sobre uma bicicleta. Mas chama ainda mais a atenção o personagem que a dirige e a clientela a quem ela se destina: mendigos e moradores de rua, que podem escolher um livro para ler. A única exigência é que anote o nome em um caderno.
A bicicloteca percorre as ruas e praças do centro da cidade em busca de seus leitores. Quem a dirige é um senhor, Robson Mendonça, que, por tristes circunstâncias de sua vida já foi um morador de rua durante seis anos. Ele gostava e gosta de ler, mas não podia retirar livros na Biblioteca Municipal e em outras porque não tinha endereço fixo.
Ao abandonar as ruas e conseguir retomar sua vida como um cidadão normal, montou a ONG Mobilidade Verde para ter uma biblioteca circulante e assim surgiu a bicicloteca.
A ONG adaptou a bicicleta, conseguiu doações de livros e a idéia, hoje, está em prática, levando a leitura através desses livros aos que vivem nas ruas do centro da Capital. Quem encontrá-la pode doar livros para aumentar o acervo. Os leitores têm duas opções: devolver o livro ou passá-lo adiante.
Há poucos dias a bicicloteca foi roubada por um viciado. A polícia a encontrou arrombada, mas os livros lá estavam. Uma editora doou mais, mandou consertar a bicicloteca e ela voltou às ruas. Parece que a Prefeitura vai encampar a idéia e passará a ter biciclotecas pelas ruas dos bairros da cidade. Aguardaremos.
Entrei na Internet e descobri que há três anos, um grupo de pessoas lideradas por um cidadão de nome Binho, também adaptou uma cesta de arame em bicicletas e as estacionam nos pontos de ônibus e percorrem as ruas do Campo Limpo oferecendo livros à comunidade.
A idéia da bicicloteca poderia se transformar em outros serviços como, por exemplo, saúdoteca. Os serviços que podem ser levados em uma bicicleta são inúmeros, lavanderia (os japoneses das antigas lavanderias já o tinham) e entregas as mais diversas. Os jornaleiros também já as tiveram.
Todo mundo se bandeou para o carro, entupindo a cidade de veículos e poluindo o ar. Basta consultar a população e idéias as mais diferentes, aparecerão. Reduz verbas para serviços básicos mínimos e possibilita o direcionamento de mais verbas para os serviços essenciais: transporte coletivo, saúde, habitação, educação etc e mais, sem poluir o ar. Desde que não surja um gaiato querendo adaptar um motorzinho na dita cuja.
No meu tempo de criança havia biblioteca circulante pelas ruas dos bairros. Este serviço morreu e ficou restrito às bibliotecas estacionadas e sem poder sair do lugar, nos prédios ditos apropriados. Com a biblioteca circulante perdeu-se o hábito de formar leitores Este se restringiu às escolas, onde os alunos lêem livros pré-selecionados e muitas diretoras e diretores não abrem a biblioteca existente na escola ou por falta de pessoal para o atendimento ou para não estragar os livros.
E-mail: [email protected]