Eu não sabia que gostava tanto do meu bairro como sei hoje que gosto! Vivi 25 anos nesse bairro tranquilo, gostoso e eu não sentia falta de coisas que talvez não soubesse que existiam em outros bairros. Do jeito que era estava bom! Morava na Rua Sete Lagoas, perto do Ateneu Rui Barbosa e depois de um pouco crescida frequentava a Igreja Nossa Senhora da Penha, apesar da Nossa Senhora de Fátima ser bem mais perto de casa… Talvez porque até chegar lá, tinha a chance de ver mais pessoas, vitrines, praças… Adorava ver gente, mesmo que fosse desconhecida… Saía da minha rua, entrava na Dr. João Ribeiro e, ao chegar na Drogaria São Paulo, optava se iria "por cima" seguindo pela Dr. João Ribeiro ou se desceria e iria pela Penha de França. Gostava mais de "ir por baixo", como eu dizia, porque era mais movimentado, tinha lindas lojas com muitas novidades!
Às vezes eu fazia esse percurso por nada, simplesmente para andar e ver gente… Parava aqui ou ali para ver uma vitrine ou os cartazes de filmes no Cine Júpiter ou no Penha Pálace, Penharama… Hoje eu percebo que tudo isso tinha um encanto secreto para mim… Em casa estranhavam essas minhas caminhadas, principalmente a minha irmã que, quando tínhamos de ir juntas para os lados do cine São Geraldo, ela queria fazer outro caminho: ela gostava de ir pela Antonio Lobo, Betari e pela rua da qual não lembro o nome agora, mas que saía na lateral da biblioteca da Penha. Estudamos para o exame de admissão para o ginásio (era o último ano desse tipo de exame) com uma excelente professora na Rua Ângelo Zancchi. Andava muito também pela Rua Arnaldo Vallardi Portilho, a Rua do Círculo Operário da Penha (do qual minha tia Luíza foi eterna secretária) em frente ao Hospital da Penha.
Quando instalaram um relógio enorme na pracinha da Dr. João Ribeiro, em frente à Padaria Yara, quando voltávamos do colégio, à noite, meus colegas e eu gostávamos de ficar observando o movimento dos ponteiros…
É incrível como quando se é jovem, conseguimos encontrar significado nas coisas mais simples; temos nosso interesse despertado para coisas que talvez hoje acharíamos super banais… Que bom que tivemos essa oportunidade de ver, apreciar, desfrutar, usufruir de coisas, paisagens, pessoas, lugares, nessa época da vida! Acho que isso ajuda na formação do nosso caráter, na nossa cidadania, no nosso respeito às pessoas e às coisas que amamos.
E-mail: [email protected]