Uma vida de luta e trabalho – Parte III

Como já disse na narrativa anterior, comecei a trabalhar na firma “Despachos Iris Ltda.”. Essa firma ficava na Rua Líbero Badaró, nº 651. No mesmo prédio funcionava a “Rádio Bandeirantes” (que, pouco tempo depois, se mudaria para a Rua Paula Souza). 
 
Essa firma tinha o nome IRIS porque foi fundada pelos proprietários das Indústrias Reunidas Irmãos Spina Ltda., Srs. Paschoal Spina, Nicolino Spina e o Sr. André Amato, este último, irmão do Sr. Mário Amato que veio a ser presidente da Fiesp. 
 
Nessa firma tive oportunidade de crescer profissionalmente, mas antes, tive que passar pelo estágio de office-boy
 
Conheci a maioria das ruas e bairros de São Paulo, principalmente na região dos bairros da Luz, Brás e Belém. A empresa executava o serviço de desembaraço alfandegário para diversas firmas. Entre muitas, eu destaco as seguintes: “Del Guerra & Filho Ltda.” nas pessoas do Sr. Anibel Del Guerra e o Sr. Machado; “Ao Caçador”, onde quem me atendia era o Sr. Jorge Sracorsian; “Casa Bertucci”, na Rua Paula Souza, com o Sr. Dante; “J.Tucci & Cia. Ltda.”, onde o Sr. Julio Tucci me regalava com uma bela fatia de queijo provolone italiano e um saquinho de azeitonas pretas importadas da Grécia (uma delícia!); passava em frente à “Cantina Balila”, na Rua do Gasômetro; visitava o Sr. Arthur Navarrete na “Sociedade Comarca de Couros, Pelosi & Cia.”, na Rua da Alfândega nº 33, importador de rolhas de cortiça e findava a parte do Brás na “Casa Diana Paolucci”, que ficava na mesma Rua da “Pizzaria Castelões”.
 
Mais à frente, já praticamente no Belém, visitava a “Sokofer”, na Av. Celso Garcia, cuja direção era do Sr. Heitor. No centro, visitava a “Cia. Oscar Rudge de Papéis”, no Largo de São Francisco, onde quem me atendia era o Sr. Mário Amato; na “Sociedade de Óleos Brasil” com o Sr. Ítalo Ricci; na “Pintucci, Spadari & Cia. Ltda.”, com o Sr. Helio Luiz Spadari, Sr. Torquato Pintucci (essa firma depois passou a produzir os televisores da marca “Empire”); a “Casa Calfat”, que ficava na Rua Gal. Carneiro, com o Srs. Edgar e Azis Calfat (posteriormente, fecharam a loja e montaram a fábrica em Santo Amaro com o nome de “Textil Gabril Calfat Ltda.”).
 
Na Iris, após o retorno da rua tendo entregue toda a correspondência, eu ficava treinando datilografia na “Remington Rand”, de carro grande, e aprendendo o serviço interno com os colegas Rudovico Amaury Rodrigues, Arthur Eduardo Chiappetta, Helio Lopes Molina, Sergio Luiz Figliolini e o gerente, Sr. André Amato, aliás, eu guardo ainda um certo remorso por uma atitude pouco elegante para com o Sr. André, tudo causado pela minha inexperiência e imaturidade. Hoje, com certeza a coisa não se repetiria. 
 
Infelizmente nunca pude pedir desculpas a ele devido as circunstância de serviço que tomaram outros rumos e nos afastaram definitivamente. 
 
Aprendi muito com essas pessoas e a eles devo muito do meu sucesso profissional. Depois ainda vieram o José Luiz Fins, o Antonio Corrêia, o Delso Ferraz, a Dagmar, o José Duarte… Na filial de Santos funcionavam o Sr. Reinaldo Ribeiro, o Sidonio Rodrigues, o Roberto Gaspar Paulo e Silva, o Jair Manhani e o Abel Martins Filho.
 
Nessa firma, galguei a escada, saí de office-boy e cheguei a chefe do setor de exportação. Lá permaneci por 14 anos. Saí porque a firma acabou fechando. 
 
Depois da Líbero Badaró fomos para a Rua 3 de Dezembro, depois para o Largo São Bento e, finalmente, para a Rua do Tesouro. Lá ficou até o encerramento. 
 
Eu e meus colegas ficamos na “rua da amargura”. Recém casado e desempregado.
 
Aí, começa uma nova era que voltarei a contar no próximo capítulo.