Um dos maiores orgulhos do paulistano é, sem dúvida alguma, o Instituto Butantã, um centro de estudos com fama internacional.
E isso acontecia já lá pelos anos 20 do século passado: os paulistanos iam muito ao Butantã e todos os que vinham a São Paulo faziam lá visita obrigatória.
Meu pai, João, campineiro, criado em Rocinha (hoje, Vinhedo), veio para cá em 1917, aos quinze anos. Muito tímido a princípio, foi aos poucos se “enturmando” e, com seus novos amigos, ia aos domingos para todas as atrações desta cidade, que ele amou desde o primeiro momento ao desembarcar na Estação da Luz.
E chegou a hora de visitar o Butantã de que todos falavam. Lá foi ele, com a turma, uns cinco rapazes janotas. Pela foto, a gente vê que usavam bonitos terninhos, borzeguins reluzentes e palhetas.
Cobras para todo lado naqueles fossos, especialistas mostrando como se tira o veneno, cobras, cobras, cobras…
Todos ficaram muito impressionados com o que viram e já iam se retirando, atravessando um gramado, quando Felipe, o amigo nascido e criado na cidade, estaca e muito pálido, diz: "João, tem uma cobra passando em cima do meu pé”!
Ele recomenda ao amigo apavorado, da altura da sua experiência de rapaz do interior: "Fique bem quietinho, não se mova que ela vai embora sem fazer nada”.
E Felipe fica estático, mudo e de olhos arregalados, até que os amigos todos caem na gargalhada. Pois não é que a "cobra" era apenas a mangueira com que o jardineiro regava as plantas? Redonda e geladinha, sendo puxada suavemente, parecia mesmo uma cobra deslizando sobre o pé do infeliz Felipe que nunca mais se livrou da gozação do grupo devido à sua "coragem".
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