Travessas Noschese e Grassi

Quem iria querer ir às Travessas Noschese ou Grassi no início da década de 50? Para fazer o quê?
Sem saída, elas apenas serviam para os moradores, operários que eram da Indústria Souza Noschese. As casas bem modestas, eram de baixa estrutura, mas bem serviam às pessoas simples, que bem cedo saiam com o almoço pronto. Bem, a esse tempo sempre ficavam em casa as mulheres e as crianças, e o rádio era uma peça fundamental. Na verdade essas travessas eram vilas no centro da Capital. E ambulantes em geral não perdiam viagem quando para lá se dirigiam. Em todas as casas sempre alguém atendia à porta quando chamada. Quando surgiu o IBOPE era para lá que o treinador levava os entrevistadores para o treinamento. Não falhava uma porta. E a tabulação da entrevista era preenchida sem brancos. O começo da pergunta era invariável: "que rádio a senhora está ouvindo? Qual o programa? Quantas pessoas estão ouvindo?” O entrevistador não precisava escrever, apenas fazer um X nos quadradinhos ao final da pergunta. E assim nascia o IBOPE. Foi gerado na Rádio Kosmos. Lembram-se? E o seu inspirador foi o senhor Gallup. Bem, eu fui ter às Travessas Noschese e Grassi muitas vezes para atender incumbências do IBOPE, e com prazer, pois voltava sempre com as entrevistas cheias, e era elogiado pelo chefe.

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