Quando eu tinha uns 16 ou 17 anos, costumava-se sair dos bairros e ir ao Centro de São Paulo para fazer compras. As ruas mais procuradas eram a 24 de Maio, a Barão de Itapetininga, a Praça Ramos de Azevedo, a Rua Direita, a Rua do Arouche, enfim, todo o entorno, abarcado pelos dois lados do Viaduto do Chá, onde, além do Mappin ainda havia algumas galerias. Aqui podemos incluir também a Rua 25 de Março e Ladeira Porto Geral.
Do mesmo modo buscavam-se os cinemas da região central – Metro, Ópera, Universo, Olido etc. Os cinemas de bairros eram ótimos para os idosos, para as famílias e para as matinês infantis, mas para os jovens, o atrativo e a badalação estavam no Centro. E como nos arrumávamos e nos enfeitávamos.
Eu, particularmente, gostava muito da Praça Ramos e de seu entorno, principalmente porque ali havia dois edifícios que exerciam um grande fascínio sobre mim. O Teatro Municipal e o Hotel Esplanada, que chegou a ser o mais elegante e famoso de São Paulo. Ambos exalavam um grande glamour. O Teatro Municipal pelas suas temporadas clássicas de óperas e orquestras, onde os frequentadores só iam ostentando roupa de gala e o Esplanada porque só recebia gente muito rica e os astros, estrelas e play boys internacionais afamados. Nisso rivalizava com o Copacabana Palace do Rio de Janeiro.
Sempre que eu passava por estes edifícios, passava vagarosamente, para poder apreciar sua beleza. No Teatro Municipal eu cheguei a entrar, pela porta de trás, sem roupa de gala evidentemente e para visitá-lo, conhecê-lo internamente. A porta de trás, simples e pequena, ficava quase defronte ao edifício Esplanada.
Tenho fascinação pela arte dos vitrais. Já tive oportunidade de falar, na minha crônica Encantamento, aqui neste site, dos vitrais do Mercadão. O Teatro Municipal é lindo por fora e por dentro e tem muitos vitrais belíssimos.
No edifício do antigo Hotel Esplanada, hoje Edifício Ermírio de Morais, depois que foi comprado pelo Grupo Votorantim, também existem vitrais belíssimos em tons de azul, situados na escadaria principal. Consta que há um túnel que liga este prédio diretamente ao Teatro Municipal, por onde as celebridades passavam para atuar ou assistir aos espetáculos do teatro. Dizem que passaram pelo túnel o tenor Beniamino Gigli, a soprano Bidú Saião, a pianista Magdalena Taglia Ferro e muitos outros.
Esse edifício foi inaugurado em 1923 e em 1925 a família Ermírio de Morais recepcionou os convidados de casamento de José Ermírio de Morais e Helena. Felizmente este belo edifício repleto de histórias foi tombado pelo Patrimônio Histórico e assim permanecerá, sendo bem cuidado para nosso gáudio. Em 2012, segundo o jornal O Estado de São Paulo, ele foi comprado pelo Governo do Estado de São Paulo e será sede da Secretaria de Agricultura.
E-mail: [email protected]