Olá, meu nome é Sergio e apesar de ter nascido em Jaçanã em 1950, meus pais mudaram-se para o Tatuapé no final dos anos 50, e eu digo de coração, só quem pertence a esta geração e, no meu caso, viveu no Tatuapé, mais precisamente na Rua Serra de Botucatu, já lá no final, próximo aonde é hoje só que canalizado o Rio Aricanduva.
Que saudades do Senhor Carlos, Manuel e Antônio (portugueses) dono de uma chácara e nas festas juninas soltavam para a nossa alegria muitos balões, faziam fogueiras e ficávamos até tarde conversando e correndo atrás dos balões que vinham quase sempre da igreja São Pedro, das ruas de terra com as valetas a céu aberto, da casa da Akemi, Rideo (japoneses), onde todos se reuniam diariamente para assistir televisão (artigo de luxo), da fábrica de gelo (era assim que a chamávamos), pois ali se vendia pedras de gelo, mas a fábrica era mesmo de alumínio.
Saudades da Rua Três Martelos, São Bernardino de Siena (onde me casei), Rua Diamante Preto, Rua São Braz, as inesquecíveis festas juninas promovida pelo clube de futebol chamado "cacique", das enchentes provocadas pelas chuvas e pelo transbordamento do Rio Aricanduva, do Senhor Chiquinho, onde minha falecida irmã me levava para cortar o cabelo (corte americano), do Senhor Daniel, dono do bar que comprávamos pão e leite (fiado), da Dona Yolanda, dos seus filhos Claudio e Clovis, do açougue do pai do Vanderlei, Senhor Maneco.
Que saudades das pipas que empinávamos, dos jogos de bolinha de gude, dos peões e das brigas que tínhamos, mas no dia seguinte estávamos brincando novamente, pois éramos apenas crianças, que é o que importava, da Elizabete, e seu irmão Mingo, de ver passar aquelas antigas carroças movidas à tração animal, coletando lixo das raras vezes que meu pai chegava da rua com pizza, que festa!
Meu Deus como eu era feliz e não sabia, hoje, ah, hoje está tão mudado para o pior, pois está quase tudo deteriorado, pichado, asfalto todo remendado, e gente muito esquisita, casas com portões com cadeados, câmeras, e as crianças acham que são felizes.
Moro hoje em Vargem Grande Paulista, e fazendo uso hoje de uma ferramenta que temos em mãos (internet) e pelo google maps, visito todos os dias esse pedaço de chão que nunca hei de esquecer e fico triste de ver como está mudado, é uma triste realidade.
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