Nas personagens de Santo Amaro, dedicamos crônicas biográficas, principalmente às pessoas desconhecidas pela mídia, mas que tiveram papel importante na comunidade, com ou sem formação acadêmica, e que deixaram na vida bons exemplos para serem seguidos.
Esse novo texto dedico à memória de um professor, pois ser educador é uma dádiva divina. E assim foi o professor Renato Braga, que honrou sua profissão – e é extensivo a todos os professores desse site, desse país, que são relegados a segundo plano, sem o reconhecimento devido, tanto o financeiro como de carreira. Eles são a base e o futuro digno e intelectual de um país.
O professor Renato Braga nasceu nessa capital, na Rua Líbero Badaró, centro da cidade, em 15 de Março de 1886. Filho de Pedro Braga e Adriana Braga, casado com Dona Bertha Villaça, ambos de origem portuguesa, teve um filho, Sérgio Villaça Braga – que foi conceituado médico cardiologista e homenageado com o nome de uma UBS em Santo Amaro.
Renato foi uma pessoa simples de trato, porém de grande cultura e desprendimento. Deixou o exemplo vivo de dedicação à causa da educação, numa digna de respeito para todos que neste setor militam.
Começou seus estudos no “Grupo Escolar Prudente de Morais”, onde fez o primário. Em 1904, formou-se em magistério e foi trabalhar como professor na cidade de São Sebastião da Grama, e em seguida na Escola “Grupo Escolar do Arouche” na capital.
Em 1911, foi convidado pelo professor Arnaldo Barreto, para fazer parte do grupo de professores incumbidos de organizar o curso da “Escola de Aprendizes de Marinheiros”.
Em 1921, foi nomeado diretor da escola “Bernardino de Campos de São Roque”, e em 1922, foi removido para o “Grupo Escolar de Santo Amaro”. No ano de 1929, foi promovido à cadeira de matemática, do curso de instrução militar da Força Publica do Estado de São Paulo.
Em 1931, foi indicado para a “Escola Modelo Caetano de Campos” como auxiliar de diretor, nesse cargo foi responsável pela organização da biblioteca infantil.
Em 1932, voltou para o magistério como diretor do “Grupo Bela Vista”, tendo dirigido também os grupos do Cambuci e Marechal Deodoro durante dois anos.
No ano seguinte, 1933, foi indicado para o Grupo Escolar Paulo Eiró, em Santo Amaro. Se aposentou depois de 48 anos de magistério, em 1952, onde morou até seu falecimento.
Em 1950, por proposta do vereador santamarense José de Almeida Diniz, o popular Zé da farmácia, foi homenageado na Câmara Municipal de São Paulo, no dia do professor, por ser o mais antigo mestre da 2ª região de ensino Sul.
Tomou parte, em 1932, na revolução constitucionalista, tendo integrado o batalhão, “Comandante Salgado”.
Em 1956, o professor Carlos Alberto de Carvalho Pinto, Governador do Estado de São Paulo, uma vez mais prestou digna homenagem à sua memória, dando-lhe seu nome ao então G.E. Vila das Belezas, a escola mais antiga da Diretoria de Ensino Sul – 2. Criada em 1956 e instalada na Rua Aristodemo Gazzotti, com quatro salas de aula (todas de madeira), foi a primeira instituição de ensino estadual do bairro, Vila das Belezas.
O Decreto de criação é de 1952, embora a Diretoria de Ensino tenha conhecimento de que a escola exista desde 1950. A escola iniciou em 1950, num barracão de madeira instalado na esquina da Estrada de Itapecerica com a Rua Luciano Silva, antiga Rua Carlos de Campos, onde hoje funciona a padaria da Vila das Belezas. Em 1952, data da criação, o Grupo Escolar Bairro Vila das Belezas passou a funcionar num barracão de madeira, na Rua Aristodemo Gazzotti, através da primeira ata de 1952.
No dia 25/08/1961, o então chamado, Grupo Escolar Prof. Renato Braga, em homenagem ao antigo diretor do G.E. Santo Amaro, mudou-se para um prédio moderno na Rua Josefina Moretti, endereço atual da E.E. Alberto Badra. Participei nessa mudança com muita festa. Plantamos algumas mudas de pau-brasil, ipês e outras árvores, que até hoje se encontram lá. Pois, em 1980, a escola passou a funcionar em novo endereço no mesmo bairro, com um prédio maior, na atual Rua Arthur Bliss, antiga Rua Alexandro D’Alessandro – onde se encontrava o antigo campo de futebol do clube V. das Belezas FC.
Também em sua homenagem, uma rua no bairro de Vila Almeida, próximo a Ponte João Dias e ao Parque de Exposição Transamérica, foi batizada com seu nome.
O professor Renato Braga veio a falecer em 15 de março de 1955, com 69 anos de idade, deixando sua excelente contribuição ao ensino. Morreu sem saber que o Colégio Estadual Paulo Eiró, onde passou boa parte de sua vida, foi demolido para criarem um espaço para camelódromo. Talvez por arrependimento das autoridades, foi desativado, tempos depois. Criaram uma praça nesse mesmo local, e a única lembrança que ficou, foram algumas árvores que existiam no antigo pátio da escola.