Racha!

Saímos do Jumbo Aeroporto em torno de 22h30min.
 
Cada um de nós entrou em seu carro e o objetivo era descer até a Praça do Correio no menor tempo possível.
 
Nosso recorde na época? 7 minutos cravados!
 
O Beto no seu Corcel 69 quatro portas com pneus Firestone Cavallino já foi colocando seu capacete Bell, isso mesmo, o cara vestiu um capacete de paletó e gravata para darmos a largada no sinal que havia em frente ao portão principal do Aeroporto de Congonhas. E com a boca tentava fazer todos os ruídos de um verdadeiro Divisão Três andando em Interlagos.
 
Eu no meu Fusca “mileduque” 63 azul com rodas de aço cromadas e com o som do TKR no último volume.
 
Lá vamos nós a toda pela Av. 23 de Maio, costurando, passando, meu amigo dizia que na costurada tínhamos que ouvir o “plim” das casquinhas dos pára-choques.
 
Lá vamos nós descendo voando (120km/h no máximo). Naquele tempo (1973) a “23” não tinha o movimento monstro de hoje em dia e era possível descer com tudo, principalmente quase às 11h da noite.
 
Outras vezes entravamos pelo famoso “Circuito do Ibira” isso mesmo, dentro do Parque do Ibirapuera onde depois de uma sucessão de curvas, havia uma passagem sob um pequeno riacho onde pela pequena ponte só passava um carro de cada vez! Aí meu amigo, era separar os homens dos meninos, pois saíamos em direção a ela lado a lado com o outro carro e vamos ver quem “afina” primeiro e tira o pé para passar pela ponte! Muitos foram parar nas águas rasas do pequeno riacho e debruçado pelo barranco…
 
Outras vezes era a disputa de “quarto de milha” em frente ao Shopping Iguatemi! Essa era disputa de arrancada, largava-se ao sinal abrir e vamos ver quem chega primeiro lá no fim da Faria Lima em direção a Rua Iguatemi.
 
O Fusca preto “split window”, ano 1957, de meu amigo Magrão, mas equipado com um brabo motor 2.0 andava até em marcha lenta e ponto morto, tanto que tremia, não aguentou a pressão aerodinâmica da largada com um Dodge Dart e soltou a parte de baixo do chassi de quase toda a lateral direita da carroceria, não sem antes, largar e andar na frente do dodjão bem uns 150 metros!
 
Irresponsabilidade dirão alguns, bando de malucos e “boyzinhos” que querem aparecer para as meninas e coisas piores dirão outros.
 
Mas era apenas a juventude tentando se expressar e romper as regras de uma sociedade ainda careta ou flertar com o perigo talvez.
 
É claro que a polícia às vezes chegava com tudo e aí era outro tipo de correria, para escapar, fugir, se mandar rindo e vibrando.
 
Sim, era uma aventura! “Ah” tempo!