Vila Carioca – Ipiranga – SP – Anos 50/60
"Capoeira – Pau-de-sebo – Samba"
Nas décadas dos anos 50/60, o bairro de Vila Carioca estava em formação, e chegavam a todo o momento imigrantes de vários partes do mundo e migrantes dos quatro cantos do Brasil.
Na Rua Albino de Morais, rua sem asfalto, era terra preta, misturada com brejo, enfim, lama, que encarnava nos calcanhares e na pantorrilha. Os nordestinos praticavam o jogo de capoeira e também enfiavam um mastro no chão; diziam ser aquilo o tal de "pau-de-sebo".
Tínhamos como vizinho o então o menino "Lula". Achava aquilo estranho, isso em razão dos movimentos a toque de um "berimbau".
Outra coisa que os interioranos também não viam com bons olhos era quando se reunia um grupo de pessoas, esquentando o coro dos tambores e tamborins. Diziam os sambistas que usavam coro de gato?
Mas falando de "pau-de-sebo", é uma brincadeira que faz parte do folclore do Nordeste do Brasil, sobretudo do interior da Bahia. É comum em épocas de São João e Páscoa. A brincadeira consiste em tentar subir em um pau reto e liso, previamente banhado de sebo ou graxa, ou qualquer outra substância gordurosa, para tentar apanhar um prêmio que se encontra em seu topo. A altura pode chegar a mais de oito metros e são permitidos truques, tal como trabalho em equipe, em que um sobe no ombro do outro tentando ganhar altura. O fato é que na maioria das vezes não se consegue o prêmio, mas sim muita sujeira e melação.
Várias pessoas passavam nas mãos um punhado de areia, mas isso não adiantava e ninguém conseguia atingir o objetivo. Até que derrubavam o "pau-de-sebo" mastro; era aquela festa.
Era uma diversão para os meninos e homens, que tentavam subir, e também para as meninas e idosos, que assistiam e vibravam. Ao final da tarde, depois de consumada a derrota dos garotos, o prêmio, que geralmente era em importância viva, era distribuído entre os festejantes em forma de "comes e bebes".
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