Nos anos 50, estávamos acostumados a comprar, à porta de nossas casas, cobertores, mantas e jóias, à prestação de velhos judeus, os mesmos que vinham outros dias adquirir ternos e outras roupas usadas que estavam disponíveis, pagando-nos alguns trocados que serviriam para compor o montante das primeiras.<br><br>Foi então que, em nossos televisores preto e branco, passamos a assistir propaganda veiculada pela Avon, sob o título "Avon chama", em que uma linda jovem portando frasqueira, vestindo tailleur e usando um chapéu tipo caixa de requeijão catupiry abria um largo sorriso e oferecia cosméticos, artigos de higiene pessoal e perfumes da marca, mostrando que a mulher empreendedora poderia estar fora do lar e manter-se feminina. Novos hábitos estavam instalados.<br><br>A garota Avon, como ficou conhecida, chamava-se Mória, e ao lado dos irmãos Dirce, Silvio, Rubens e Zélia, esta minha amiga de escola formava o clã dos Krasovic, cuja mãe, Dona Cândida, foi por muitos anos diretora do Colégio Albino Cesar, no Tucuruvi.<br><br>A primeira vez que a nossa campainha foi tocada pela Avon, não veio uma moça exuberante como a Mória, mas sim a Marinalva, nossa amiga e costureira.<br><br>Hoje compro Avon, se quiser, na banca de jornal aqui na esquina.<br><br>e-mail do autor: [email protected]