Passeando no parque

Gosto muito de andar no parque, o antigo Ceret, no bairro do Tatuapé. Vou logo cedo para aproveitar o frescor da manhã.
 
Ao caminhar, minha atenção é voltada para o canto dos pássaros, o cheiro de grama cortada e a beleza das frondosas árvores que sombreiam as pistas do parque. Para mim é um privilégio ter um lugar tão gostoso para andar, perto de casa.
 
Tudo é muito tranquilo logo cedo, mas com o passar das horas o canto dos pássaros vai ficando mais distante e aos poucos é substituído pelas vozes das pessoas que vão se aproximando para caminhar. Elas talvez não saibam ou não fazem ideia, mas conversam tão alto que não tem como não escutar pelo menos uma parte de suas conversas quando passam por mim.
 
Uma loucura. Já ouvi de tudo e assuntos dos mais variados acontecem entre as pessoas que andam neste parque. Por exemplo, conversa de alguém que estava chorando, do serviço de pedreiro que não acabava mais, do café da manhã, da morte de alguém, do trabalho, de roupas, de baladas e até da qualidade de vida de outros países. Na verdade acho tudo muito divertido, essa mistura de assuntos, e acabo concluindo que as pessoas fazem suas caminhadas e aproveitam também para fazer uma terapia com seus amigos. Eu particularmente acho muito bom ter alguém para conversar durante o trajeto, a atividade fica mais prazerosa e parece que o tempo passa mais rápido.
 
Outro dia, um dos rapazes que estava um pouco atrás de mim, falou para o outro se ele conhecia o Élcio, um baixinho. Disse que ele foi até o André e decretou sua prisão porque não estava pagando a pensão do filho, mas como estava perto do Natal não iria prendê-lo, mas marcou o dia e hora para efetuar a prisão, após as festas. Como não ouvi mais nada, deduzi que o fulano não iria ser preso nunca e ainda fiquei na dúvida se isso pode mesmo acontecer.
 
Mais uma volta e uma nova conversa me chamou a atenção. O pai estava embarcando com a família para passar o Natal em Nova York, mas ao checarem o seu passaporte foi decretada uma ordem de prisão. Este foi preso no ato, mas a família foi liberada para viajar. Só depois de um tempo ele veio saber o motivo da prisão, eram coisas pendentes no ministério da justiça. Um deles disse que é bom antes de viajar, verificar tudo para não ter surpresas na hora do embarque.
 
Acho muito engraçado andar neste parque porque chego ouvindo o canto dos passarinhos e saio com tantas histórias na cabeça. Motivo pelo qual me inspirou a escrever esse texto. De toda forma sempre é bom fazer caminhadas por lá, me faz bem e eu gosto. Muitas vezes tem atividades, com profissionais da medicina (medindo pressão e o diabetes) e os de educação física dando aulas de dança, alongamento e pilates. Tem também divertimento para as crianças no parquinho, na sala de leitura e na piscina, que por sinal é imensa.
 
Este parque tem seus encantos, mas não posso deixar de citar que muitas vezes sofremos com a falta de água nos bebedouros e nos banheiros que ficam muito sujos. Tem um filtro desativado, mas continua pendurado e todo cheio de lodo. Acho que neste sentido ele poderia ser mais bem cuidado, pois o bairro do Tatuapé merece ter um parque que atenda as nossas necessidades e seja bom para todos.
 
Ps.: enviei foto para acompanhar o texto, mas não deu certo.