Bobagem colocar o adjetivo futebolístico para definir um bairro paulistano das décadas passadas. Eis que todo bairro era futebolista e possuía vários campos de futebol. Nas décadas de 50, 60, 70 e 80, a várzea fervia em “Sampa” e em cada padaria da capital acontecia o encontro dos jogadores para o jogo do sábado, ou do domingo.
A várzea proliferava e, com certeza, havia centenas de jogadores com técnica suficiente para se profissionalizarem. Mas, naquela época, os costumes eram outros e os "boleiros" não possuíam a conscientização necessária para se tornarem profissionais. A coisa era mais ou menos na base da brincadeira.
Havia mais técnica e menos responsabilidade. Hoje todavia existe menos técnica, porém o futebolista de hoje é mais cociente, responsável e procura sua independência financeira no futebol.
No bairro que cresci e vivi, havia os times do Nacional do Caxingui, do Grêmio Mocidade, do Juvenil, do 7 de Setembro, da Paulicéia, do Unidos… Na vizinha Vila Sonia, havia outros times, assim como em Pinheiros e no Ferreira… Era uma festa maravilhosa!
E naqueles campos do Itaim então, onde tinha o Itororó! Aliás, havia ladeados uns 10 campos de futebol e aquilo, aos domingos, era uma diversão maravilhosa… E os campos onde hoje se situa o Anhembi, onde os juvenis do São Paulo treinavam com o saudoso Firmo de Melo, o qual um dia dispensou dos treinos este que vos escreve. Ele que havia me visto jogar por dois minutos e confundiu-me com outro. Depois o mesmo convidou-me para retornar aos treinos, desculpando-se, mais ai eu já estava atendendo meu pai e trabalhando.
Quantos e quantos caras bons de bola (põe bom aí!) não vingaram no profissional porque outrora havia centenas e centenas de craques. Se tornar profissional era mais uma questão de sorte do que de técnica. O assistente do Murici, o Tatá, foi criado no Caxingui e jogou no Nacional, vindo a ter sucesso na carreira de futebolista.
Mas, o que quero ressaltar são as padarias, enfim, os locais onde os boleiros se encontravam antes dos jogos… Fala serio, não era legal demais? Não era gostosa a vida? O que foi da vida de cada um? Encontrávamos-nos, íamos cantando no ônibus, jogávamos, tomávamos cerveja e lá pelas 3h da tarde do domingo, chegávamos cansados em casa e esperando a segunda chegar para seguir com nossas vidas.
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