Ai que saudades! Final de ano e era só correria para alugar o dito cujo smoking! Eram tantos os bailes, que no fim acabei por comprar um! Saiu bem mais barato, acreditem. Todas as sextas-feiras e sábados, baile de formatura. Eu não sei de onde apareciam tantos convites assim, e um convite mais bonito que o outro, trazendo nome da escola, faculdade, paraninfos etc. E um detalhe primordial: sempre abaixo, no canto direito do convite, dizendo: “Traje: Rigor”! Isto sem mencionar que alguns diziam: "Traje: Rigor Absoluto”!
Por volta das 22h já estávamos todos os "pinguins" na porta do clube, devidamente trajados e principalmente perfumados! Meu Deus, eu até hoje não posso nem sentir o cheiro daquele tal de Lancaster; gente do céu, aquilo infestava o salão. Depois lançaram o Pinho Silvestre, meu Deus, era pinho para tudo que era lado! Era baile no E. C. Pinheiros, no Clube Holmes, no Círculo Militar, no salão do Aeroporto de Congonhas (grandes bailes). As bandas então, eram espetaculares: Três do Rio, “Modern Tropical Quintet”, orquestras. Imaginem só, fui a um baile no Círculo Militar onde a Elis Regina se apresentou! Outro no Pinheiros, com a Rita Lee e também Os Incríveis!!! Nossa, aquela época tinha mais emoção, ou não?
Terminado o baile às 4 da manhã, íamos todos tomar sopa de cebola no Ceasa; eu detestava isso, estava doido para comer um belo “cheeseburger”, mas a turma insistia e eu me “encebolava”. Fazer o quê, né? Nossa, como a gente se divertia àquela época! Claro, outros tempos, outra geração, outros costumes e muito mais respeito.
Para terminar, vou lhes contar uma situação inusitada que aconteceu comigo em um dos bailes; ganhei até um apelido da turma, mas me reservo aqui em não citar:
Club Holmes, final de baile, já estavam tocando até músicas carnavalescas, isso já era por volta de 4h30. A música parou, o pessoal começou a sair, e eu desesperado, precisava ir ao banheiro de qualquer maneira! Disse ao pessoal: “Vão na frente, que já estarei de volta ao vosso encontro.” Creio ter ficado uns 10 minutos ali, porém, assim que saí do “box”, ao dirigir-me à porta de saída do banheiro, a mesma já se encontrava trancada!!! E o pior é que o banheiro ficava a uma distância considerável do salão. Apesar das batidas na porta, dos gritos "tirem-me daqui", ninguém me ouvia e, após uns 20 minutos, fez-se silêncio total!
Pela fresta da porta do banheiro, já se fazia uma escuridão geral, tudo apagado, ou seja, ninguém mais no salão, e ninguém sequer teve a idéia de verificar ou até mesmo fazer uma varredura para ver se tudo estava em ordem! Resultado de tudo isso: consegui sair dali às 2 horas da tarde, graças a três senhoras que vieram abrir o salão para limpeza e prepará-lo para outro evento. Gente, havia até polícia atrás de mim!!! Pai e mãe já não tinham nem mais cabelo! Para minha turma, eu havia ido embora sozinho, de táxi, foi o que alegaram. Nossa, que desespero! Se naquela época já tivessem inventado o celular, eu estaria salvo, concordam?
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