O Redondo

Os encontros sempre depois das 17h. O local: Redondo, entre as avenidas São Luís e Consolação e Teodoro Baíma. O público: todas as tribos… Um local com hora para chegar… Mas, nem sempre, com horário para sair do anárquico e nostálgico bar… Foi nesse reduto de intelectuais, artistas, candidatos a artistas, escritores e de muitos sonhadores como eu que tive a oportunidade e o prazer de ver iniciando suas gloriosas, merecidas e enaltecidas carreiras gente como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria das Graças (A Gal), Tom Zé, além de outras figuras épicas, cujas mesmas não me ocorrem no momento, precursores do chamado “Movimento Tropicália”, cuja essência foi a ruptura com o tradicional e inserção do novo contexto cultural brasileiro.

Pois bem, em uma dessas noites, que por lá bebericava com meus amigos foi que conheci um dos maiores compositores dos morros cariocas: José Flores de Jesus, mais conhecido por Zé Keti – uma figura alegre e carismática que esbanjava alegria e simpatia. O Redondo talvez tenha sido um dos principais postos observador da trajetória histórica do samba e da boemia paulista.

Ao seu lado estava e ainda continua o imponente, Teatro de Arena – grupo e companhia teatral representado por um dos mais intencionados diretores, o José Renato. Sem contar com a presença da irreverência de Plínio Marcos vendendo seus livros e contando seus "causos", e ainda por cima nos Carnavais, comandando a "Banda Bandalha", posteriormente Banda Redonda, aí já sob a batuta do não menos irreverente Fauzi Arap.

A São Paulo dessa época vivia, respirava cultura. Festivais de música e de teatro, movimentos de resistências e combate a Ditadura Militar, tudo acontecendo e tendo como "pano de fundo" nosso inesquecível Redondo.