Não dá para falar do IV Centenário de São Paulo sem falar do Parque Ibirapuera que foi o símbolo das comemorações na época.
No final dos anos 20, o prefeito Pires do Rio decidiu criar um parque na região do Ibirapuera, inspirando-se no "Bois de Bologne" de Paris, mas o terreno era por demais alagadiço, servindo a pasto de bois por ser bastante próximo do Matadouro Municipal.
Aí entrou em cena um funcionário municipal bastante dedicado que plantou centenas de eucaliptos na região com a finalidade de drenar o terreno. Seu nome era Manequinho Lopes, que hoje dá nome ao viveiro de plantas localizado no parque.
Em 1951 o prefeito Armando de Arruda Pereira formou uma comissão para decidir o que fazer com a área do parque; e foi entregue a Oscar Niemeyer o projeto arquitetônico e a Roberto Burle Marx o projeto paisagístico, mas as obras do parque só terminaram em 21 de agosto de 1954, portanto após as festividades do IV Centenário da cidade.
Nos dias 9, 10 e 11 de julho de 1954, tiveram lugar as festividades de comemoração aos 400 anos da cidade fundada pelos jesuítas, em 1554, com um colégio que foi um dos palcos das festividades nestes dias, os outros foram a Catedral da Sé e o Parque Ibirapuera.
Em todos os rádios ouvia-se o dobrado "IV Centenário" do saudoso Mario Zan, que ficou por muitos anos conhecido como o sanfoneiro do IV Centenário. Como morava perto do parque meu pai me levou lá onde havia um stand da Ford, empresa que meu pai trabalhava na época. Eu tinha oito anos de idade, mas me lembro como se fosse hoje: os lagos de água límpida, os diversos pavilhões, sendo o que mais me impressionou foi o do Rio Grande do Sul, uma grande estrutura sanfonada sustentada por cabos de aço e um pavilhão feito de aço que lembrava um pagode chinês, ficava sobre o lago e o que restou dele ainda pode-se ver sendo usada como uma simples ponte para pedestres.
Num dos dias à noite foi realizada uma chuva de triângulos de papel prateado que foram jogados de aviões da FAB e iluminados por potentes holofotes do Exército. Formavam um bonito espetáculo. Não consegui pegar nenhum, mas lembro-me do meu amigo e visinho, o hoje radialista Bene Alves, contando que seu pai pegou um. Mais tarde soube que o espetáculo foi patrocinado por Baby Pignatari que era dono de uma metalúrgica na época.
O prefeito Armando de Arruda Pereira deixou o cargo em abril de 1953 sendo substituído por Jânio da Silva Quadros que deixou o cargo às vésperas das festividades, mais precisamente dia 06/07/1954 para se candidatar a governador, sendo substituído pelo seu vice Porfírio da Paz.
Depois dele, tivemos novamente Jânio da Silva Quadros, William Salem e Juvenal Lino de Matos que transferiu a sede da PMSP para o parque onde permaneceu até 1992.
Depois da inauguração do parque, por residir perto ia quase todos os fins de semana para lá de bicicleta, portanto assisti de perto a degradação, dilapidação e destruição do maior parque público de São Paulo. Diversos pavilhões tiveram que ser demolidos por falta de manutenção, entre eles o Pavilhão do Rio Grande do Sul que eu tanto admirava.
Daí para diante, os pavilhões restantes foram sendo ocupados por repartições públicas, entre eles o do DETRAN, que ficou separado do parque por uma avenida.
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