Relembrando a velha história do pato do Nelsinho. Aquela vez que o gato comeu todo mundo lá no gaioleiro de casa. Meu irmão me contou que ainda sobrou um filhote de pato dos que estavam lá.
O meu tio Nelson com pena levou o sobrevivente, pequeno e sem pena, para a casa dele. Deixou o patinho dentro de uma caixa de papelão nos fundos do quintal, embaixo do tanque. O bichinho foi crescendo.
Ele vivia com o Nelsinho e se identificava com o Duque, o cachorro vira lata querido da família.
Quando o Duque estava dormindo, o pato ia acordar ele toda hora para brincar.
– “Croonc! Croonc!”
O Duque rosnava, rosnava, mas levava uma bronca do meu tio e tinha que agüentar o pato. Cresceram juntos. O pato vivia feliz da vida. Acho até que este era o pato que cantava alegremente.
Muitas vezes vi meu tio em comitiva, indo e vindo do escritório do posto para a casa dele. Meu tio, o Duque atrás e o pato atrás do Duque. Era o posto do nonno. Posto Gazú da Avenida Rudge, lembram. Aparecia lá todo tipo de gente. Até o Cavalo, o rapaz que era metade cowboy e metade cavalo. A metade cowboy era muito amigo do Tio Nelson.
Mas trocando de ganso para pato, o coitado do pato nem nome tinha. Era o pato. Depois de um certo tempo mandaram o pato para o sítio que era o lugar certo para ele.
Lembro de uma ocasião, que o meu tio e o Duque chegaram no sítio, e apareceu o pato correndo. Ficou feliz fazendo festa para os dois… Meses depois em 1959 num jantar em São Roque, o Né acha que aquele pato assado na mesa é o dele. Naquele dia ele chorou e perdeu o apetite. Acho que nunca mais ele comeu pato… Nem gato.
Para homenagear o quase sobrevivente escrevi essa musica infantil:
O Gato Do Mato Estava Com Fome:
(letra de Pedro Cardoso
música de Sabe Lá Quem)
gato seu chato mordeu meu pato
(gato é um rato te bato te bato)
priminhos do pato eram tentação
(o gato safado encheu o barrigão)
o gato do mato estava com fome
(cuidado seu pato que ele te come)
o meu patinho cresceu sem nome
(cuidado seu gato que ele te come)
o bom patinho acabou na panela
(então o gatinho pulou da janela)
o pobrezinho afundou na piscina
(outro patinho nadava por cima)
socorro socorro me tirem daqui
(o pato responde vai embora daqui)
pega o gatinho e expulsa da água
(gato molhado não come mais nada)
bem rápido
o gato do mato estava com fome
(cuidado seu pato que ele te come)
o meu patinho cresceu sem nome
(cuidado seu gato que ele te come)
o gato do mato estava com fome
(cuidado seu pato que ele te come)
o meu patinho cresceu sem nome
(cuidado seu gato que ele te come)
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