O conserta-tudo no bairro

Acho que todos os bairros possuem aquele homem capaz de consertar tudo e que é só ligar ou procurá-lo que lá está ele para ajudar, porém havia demora pelo número enorme de chamados.

Naqueles tempos, aqui na Rua Loefgren e adjacências, tínhamos o Zezinho. Homem que frequentou muito pouco a escola, mas que tinha sede de aprender e aprendeu na prática. Conserto de canos, aparelhos elétricos, pintura e tudo o mais que aparecia.

Ele tinha um jeito peculiar de fazer seus consertos: assim que chegava às casas, chegava assobiando e ficava lá, consertando e assobiando. Letrado, à sua maneira, conhecia assuntos diversos e falava com desenvoltura e sabedoria. Trabalhou na TV Tupi e lá se aposentou, passando a trabalhar por conta própria, atendendo sempre com gentileza e cordialidade.

Certa vez, passava na TV a novela Direito de Nascer e de repente a nossa TV "pifou". “Meu Deus, o que fazer? Será a válvula ou o tubo que queimou?”. Suspense geral e lá fui eu na casa do Zezinho chamá-lo para nos auxiliar nesse "sufoco". Quando ele chegou, mexeu, olhou e disse a frase fatal:
– Foi o tubo que queimou!
Desespero geral na família. Albertinho Limonta ia saber toda a verdade e nós ficaríamos de fora dessa comoção geral e, infelizmente, foi o que aconteceu.

Um mês depois, meu pai comprou outra e a família, estarrecida, ficou a "ver navios".

Hoje, Zezinho está com o mal de Alzaimer e não se lembra de mais nada, porém, faz parte integrante de nossas memórias.

E-mail: [email protected]