Mitos ou verdade

Acredito que a maioria dos leitores do SPMC conheça bem esse bordão: "Quando eu era criança pequena lá em Barbacena" com o personagem Joselino Barbacena, feita pelo ator Antônio Carlos Pires da escolinha do Professor Raimundo. Todos devem se lembrar das travessuras feitas em nossa juventude, logo repreendidas pelas nossas mães, que para nos amedrontar usavam de alguns mitos, deixando-nos quietinhos por um bom tempo.

Pois bem; quando eu e os meus três irmãos éramos criança pequena lá no Tatuapé, era para deixar qualquer pai e mãe de cabelo em pé. Espaço para brincarmos não havia muito, mas criança sempre arranja um jeito, que era ruim para eles, porque vez por outra sumíamos pelo bairro a fora ou nos enfiávamos na casa de algum garoto e como não tínhamos a tecnologia de hoje (celular) e nem telefone na época, era difícil de nos acharem, porque não víamos o tempo passar, esquecendo até de almoçar.

A tardezinha, na hora do terço em que todos nós estávamos reunidos, papai aproveitava para comentar em voz alta que havia chegado ao nosso bairro um acampamento de "ciganos". Diz o mito que os ciganos roubavam crianças naquela época. Olha era uma semana de brincadeiras somente dentro de casa, até nos esquecermos deles.

Quando íamos dormir na casa da vovó lá na Rua Potiguares, dormíamos todos no mesmo quarto e a algazarra ia até tarde, a não ser quando o vovô aparecia na janela e ficava comentando com o papai em voz alta sobre o lobisomem e o saci-pererê, 15 minutos e todos estavam dormindo agarradinhos.

Nas férias de dezembro que era época de manga, a mamãe comprava uma baciada na feira que havia todas as terças-feiras em frente de casa, lá na Felipe Camarão. Após o café da manhã, a recomendação era para chupar manga somente depois do almoço. Tomar banho depois das refeições nós sabíamos que fazia mal, (outra recomendação da mamãe), mas em casa na época não tinha esse problema porque o banho era de bacia. Às vezes nem banho tomávamos, e sim, somente lavávamos os pés antes de dormir. Havia uma bacia grande para o banho e uma pequena para o rosto, mas servia também para lavarmos os pés. (não fiquem com nojo não, a medicina ensinava que é para pegarmos anticorpos – risos). Outra recomendação dado pela mamãe era para não ficarmos olhando no espelho após a refeição, porque teve um caso na época que a pessoa que fez isso ficou com a cara torta.

Contou-nos o papai que naquele tempo um rapaz olhando para as águas de um rio e logo em seguida para o luar no céu, seu queixo caiu, ou seja, o maxilar inferior desprendeu do superior. Levaram-no ao médico que deu um soco de baixo para cima, recolocando o queixo no lugar e que a consulta foi 2 mil réis. Foi contestado que para fazer isso ele mesmo teria feito. Risos…

Existem ainda muitos mitos que todos vocês sabem bem, mas confesso a todos que até hoje só tomo banho 2h depois da refeição, contados no relógio, e recomendo toda hora para os meninos.

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