Este texto, por um engano, foi publicado alguns dias atrás como sendo de autoria do meu amigo Luiz Simões Saidenberg.
Alertado por ele, avisamos o site que de imediato promoveu a correção. Aos que leram e comentaram o texto na primeira adição, informo que muito satisfeito, aceito os comentários como se tivessem sido a mim destinados.
Agora, sem mais delongas, vamos ao texto:
Dizem que memória de velho é sentimentalista, piegas e coisa e tal. Não concordo! Velho não é um ser depreciativo, é uma pessoa que viveu, bem ou mal, não importa. Teve seus dias marcantes e os registrou nos anais de sua existência.
É lógico que registrando fatos, emoções, alegres ou tristes, tenha o indivíduo, momentos de reflexão em que tais registros voltam ao seu presente e ele os revive com total intensidade. Para tanto, não há necessidade de ser velho. A única exigência é que tenha vivido momentos marcantes e dignos (às vezes até indignos) de memória.
Posso garantir que, em meus 71 anos de vida, tive centenas, quiçá milhares de momentos desse naipe na minha infância, na minha juventude, na minha vida como um todo e, garanto, é extremamente delicioso, neste momento de excessiva realidade virtual, poder relembrar momentos de tanta realidade.
Um dia, há alguns anos atrás, lendo o Jornal da Tarde, deparei-me com uma foto de um prédio quase em total ruína que, naquele momento era objeto de uma pergunta mais ou menos deste tipo: "O que será que estes portões, hoje cerrados, foram no passado?".
Uma forte onda de recordações assomou minha memória e me fez sacar do papel para responder via "máquina de datilografia" (equipamento técnico hoje ultrapassado), com grande veemência, informando que aqueles muros, por vários anos foram os "seguranças" de uma juventude sadia que ali estudava e brincava, ali tinha sido a minha escola, a "Escola Técnica de Comércio Frederico Ozanam". Para mim um templo de emoções prazerosas e conhecimentos profundos.
Hoje, no meio da solidão que me acompanha, tais lembranças vieram povoar de novo minha mente, lembrei-me então, inicialmente, dos professores que ali ministravam suas aulas e nos ensinavam a enfrentar, no futuro, o outro lado "daqueles muros", lembrei de João Baptista Negrão (grande diretor), de Doracy Ferreira Negrão (sua esposa e diretora), do saudoso Waldemar Ferreira (bedel, Secretário e grande amigo). Lembrei-me do professor Donato, que fazia de suas aulas de historia e geografia momentos de extenuante magia; do professor Benevides, o mestre da matemática; da professora Clarice (datilografia, taquigrafia etc.); professor Marcelino, que ensinava francês quando esta matéria fazia parte do currículo escolar; professor Galrou, ensinando português castiço e clássico. Lembrei-me de um professor que no início de sua vivência no colégio teve neste que hoje escreve um de seus mais ferrenhos e inamistosos alunos e que, depois, em um futuro não muito distante, tornou-se meu grande amigo e conselheiro.
Por falar em amigos, lembrei-me de muitos daquela época, tais como: Arilda e Nair Krivanec, Salvador Brascchiarelli, Orlando, Edson Souza, Wilson, Francisco Campi, Roberto, a minha irmã virtual Norma Toschi, hoje Norma Toschi Elias, Valter Cozzolino, Romualdo Henrique Lancelotti Strychalsky, Newton Rubem Caggiano, Fernando Fernandes, Ildefonsom e sua bengala de madeira, Jusmar, Rômulo e Remulo, Vermelho, Daura, Arnaldo Mathias Seraphim, José Maria, Fernando Martins Pizo, Rosa, Brilhante. Elyon, Munhoz, Tereza, Meg, e muitos, muitos outros. Lembrei-me da fanfarra, tantas vezes campeã, do Marião, do Espanha, do Blanco, do Daniel (irmão da Magali), do Bolão, do Vitamina, do Benazzi e tantos que não existem papel e tinta
suficientes para nomeá-los todos. Lembrei também da Bandeira da escola por mim criada junto com o Romualdo e que foi escolhida ao final de um acirrado concurso.
Memórias, como é bom tê-las, acredite.
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