Pessoas podem não ligar para o que você diz! Muitas não sabem, e nem se importam com o que você faz! Mas… Elas as quais nos conheceram, jamais esquecerão daquilo que você as fez sentir! Estou falando da nossa maravilhosa e inesquecível geração dos anos 60! Não se trata de obsessão e muito menos apego ao passado, mas se cada página tem seu conteúdo, então fomos privilegiados no contexto geral de nossas vidas!
Saudades sim, tristeza não! Modesta opinião! Mudam-se conceitos, modas, trejeitos, gírias, mas, vamos com calma, já temos lastro e experiência para fazermos verdadeiras reflexões, se possível, sentadinhos num banco lá na ponta da praia ao cair da tarde, olhando aquele marzão enquanto em nosso compartimento secreto passa um prazeroso filme dos momentos vividos! Não existe ainda maior tecnologia do que a rapidez de nosso cérebro. Afinal, em questões de segundos relembramos e viajamos no tempo provocando risos ou lágrimas contidas de saudades!
Meio a meio! A juventude poderia compreender a experiência dos mais velhos, mesmo porque, eu entendo os impulsos inovadores da juventude!
Felicidades a todos vocês da nossa geração, mesmo aqueles que não conheci, mas quem sabe, em algum lugar, em algum baile, já não dançamos, conversamos, tomamos uma coca, ou uma cuba, ao som do Modern Tropical Quintet, ou Orchestra do Silvio Mazzuca, ou os Três do Rio? Eu sei, eu entendo a tenebrosa e célebre frase: “Tudo passa! Tudo muda!”.
Mas olha só galera do meu tempo, "eles" jamais saberão na concepção da palavra, o que foi realmente nossos privilegiados anos 60, sabem porquê?
Porque emoção não se conta, se sente! Tratava-se de um grande pacote de emoções, que na realidade eram coisas tão simples que às vezes nos levavam a sonhar coisas impossíveis!
Exemplo: os bailes de formatura, os clubes enfeitados, nossos smokings, os vestidos longos, o dançar da valsa a meia noite, as trocas de olhares, o medo de tirar a moça e ela dizer "não", a famosa cuba libre, nossas idas para Santos nas férias, os bailinhos nas garagens dos prédios (movidos a sonatas), as paqueras na orla da praia, as músicas italianas que explodiam em paixões impossíveis, a sopa de cebola na madrugada no Ceasa depois de sair do baile no aeroporto, o salão do automóvel no Anhembi, o salão da Fenit, lembram-se?
Eu estudei no colégio Machado de Assis e no Fernão Dias Paes e naquela época, não se chamava prova! Chamava-se sabatina! Só o nome já me assustava!
Seria muita presunção de minha modesta opinião, dizer que, a juventude não é uma época da vida… Mas sim um estado de espírito, ou não? É claro que hoje muitos achariam ridículo me verem dançando o "twist" ou o “hully gully", mas se eu for a um baile dos anos 60, meu Deus…
E dizer que não guardei nem um pouquinho do meu Lancaster, e o meu Pinho Silvestre já era! Gente, comprar na Pitter lá no centro, era coisa de rico! Eu me contentava com modas Renner e Casas José Silva, mas posso dizer que tive meu smoking, e tenho ele guardado até hoje, e de vez em quando (sem ninguém ver) passo por ele e sapeco-lhe uma cheiradinha!
Que saudade! Termino, por enquanto perguntando, alguém aí já dançou no baile de rostinho colado Moonlight Serenade?
Abraço a todos vocês, guerreiros da saudade!
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