Era uma vez num domingo…

E ficávamos em casa assistindo à louca novidade que era a TV.

Esportes na TV Record, os grandes jogos, em que reinava a figura ímpar do "sete bello", escondido no meio da torcida e tudo mais. Aliás, quem era ele mesmo?

Depois da inviabilidade das transmissões diretas de jogos de futebol e a invenção do "video-tape", eis que surge a Jovem Guarda no auge dos 60, onde tudo era rebeldia, mas não ultrapassava os limites do âmbito familiar na época.

Depois vinha a Gincana Kibon, com o Vicente Leporace e famosa rainha do ventilador, a senhora Clarice Amaral, que depois reinou soberana por mais de uma década nas tardes (ainda que sem merchan) da TV Gazeta.

Aí as famílias se reuniam na sala de estar para assistir ao "Papai sabe tudo" ("Father knows best"), com o Robert Young, que personificava para nós, mortais do hemisfério sul, o quão lindo seria o tal "sonho americano"; este sonho, porém, sem recheio de goiabada, que acompanhava, na época, os quitutes da reunião familiar.

Terminando a noite do domingo e sob o prefixo de "You only live twice", tema do filme 007, vinha a senhora Hebe Camargo com suas famosas entrevistas – como aquela da polêmica do juiz Armando Marques; a chegada inesperada, no programa, do Dr. Christian Bernard, que visitava São Paulo, entre outras – e com freqüentes intervenções da repórter e fofoqueira da época Cidinha Campos – hoje política no Rio de Janeiro e ex-senhora Manoel Carlos.

Quanta gente boa e quanta novidade apareciam na telinha, que se espremia numa caixa pesadíssima e nas cores branco e cinza, com inúmeros chuviscos e recorrentes intervenções aos botões horizontal e vertical daquele mágico aparelho, chamado, por alguns, "televisoura". Terminando mesmo só com alguma garoa e o TV de Vanguarda…

Do Alto do Sumaré, encerro mais um dia de contato com os amigos do São Paulo Minha Cidade. Senhores, boa noite!

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