Copa de triste lembrança

Em 1986, no México, acho que sim…
 
Seleção brasileira portentosa foi aos poucos avançando, até o triste jogo com a França, quando foi eliminada nas penalidades.
 
A mídia, como sempre, procura heróis, procura culpados e os endeusam ou os condenam, depende do resultado. Ganhar é o que importa, e nos esportes, sempre temos vencedores e vencidos.
 
No dia "fatídico" da eliminação, estávamos eu e minha família. 
 
Saímos da cidade de São Paulo para visitar meus pais numa cidade do interior, Pedreira, perto de Campinas, e, no meu carro, uma pequena e simples bandeira amarela, feita pela esposa, era balançada pelo filho caçula com a inocência de seus 10 anos de idade, imitando os que, com carros decorados, com enormes delas, faziam as carreatas, pelas ruas. E íamos assistir ao jogo torcendo, obviamente, pela nossa seleção.
 
Ao passar por uma esquina, havia uma aglomeração de pessoas, gritando, cantando,exaltando jogadores. “Viva a seleção, viva o Brasil!”.
 
Que emocionante demonstração de apreço e patriotismo, ali era externada! Pessoas alegres, vibrantes, cordiais, numa demonstração impressionante. Tivemos até alguma dificuldade em atravessar, e alguns brincavam com o menino, que continuava a balançar sua pequena bandeira.
 
Fomos até a casa de um irmão, e lá assistimos o… desastre.
 
Aborrecidos, íamos voltando, e o menino, dentro de sua ingenuidade, continuava a balançar sua pequena bandeira.
 
Ao chegar à esquina, onde há algum tempo a euforia, o amor pela pátria e a camisa canarinho tinha me contagiado, uma turba de "homens" abrutalhados, desenganados pelo resultado, gritavam palavrões e insultos aos jogadores e à seleção. E o pior: no meio da rua uma fogueira de bandeiras.
 
“Pare”, ordenaram. ”Dá a bandeira prá queimar!”
 
De forma irracional, arranquei, e felizmente o idiota, que estava em frente ao carro, safou-se.
 
O fato me fez mudar… Hoje, sempre torço pelo Brasil, mas não mais pela Seleção Brasileira de Futebol. Não importa o adversário.