Cinema Paradiso no Braz

Tenho a impressão, se não me engano, que dentro de tantos outros atrativos, o meu velho e querido Braz, durante as décadas de 50, 60 e 70, era verdadeiramente, em termos de bairro, a Broadway de São Paulo. Se não me falha a memória, vejamos:

Cine Ideal, Cine Piratininga, Cine Glória, Cine Oberdan, Cine Braz Politeama, Cine Brune Braz, Cine Universo e Cine Rox, sem contar o Cine Roma e Santo Antônio que eram tão próximos e todos sem exceção eram freqüentados na sua grande maioria pela brava gente do Braz.

Guardo em minhas lembranças filmes que eram protagonizados pelos mais famosos artistas, como Burt Lancaster, Tony Curtis, Marlon Brando, Gregory Peck, James Dean, Elvis Presley, Frankie Avallon, Sal Mineo, Frank Sinatra, Dean Martin, Sidney Portier, César Romero, Cantinflas, David Niven, Marcelo Mastroiani, Ugo Togniazzi, Vitório Gassman, Nono Manfredi, Giuliano Gema, Vitório de Cica, Chalston Heston, Richard Burton e as maravilhosas Gina Lologrigida, Sofia Loren, Jennifer Jones, Julie Christe, Rita Moreno, Ana Magnani, Doris Day, Jane Mansfild, Ida Lupino e tantas outras e outros.

Fora as séries, que passavam nas matinês de domingo, as jogadas sensacionais e os gols, que passavam na resenha esportiva com imagens (naquela época) fantásticas, sempre nos intervalos das sessões, sessões estas que abrigavam dois filmes, o primeiro quase sempre era uma produção “B”, de guerra ou bang-bang, e o segundo sim, era o principal. Eu, por exemplo, adorava os romances e na minha época os cinemas que mais passavam romances eram o Bruni Braz e o Cine Roma.

Este último, típico para filmes românticos do tipo “Rock Hudson e Doris Day”, filmes quase sempre com uma pequena pitada de erotismo, quase imperceptível, e sempre com um final feliz, com o famosos clichê em que o casal central se beija e a tela vai se fechando. Dando-nos um “não-sei-explicar”. Vou tentar na linguagem do Braz:

Um sabor de antepasto, tipo berinjela em caponata, para após ser servido o prato principal, aquela macarronada, com molho preparado um dia antes, só com tomates, um belo pedaço de carne e as folhas de loro, que ficou pacientemente fervendo em fogo baixo, durante umas oito horas, bem apurado, e servido junto com uma bela massa al´dente, generosamente; um magnífico prato fundo e um saboroso queijo parmesão, cirurgicamente falado e depositado manualmente no prato. Logicamente tudo regado a um bom chianti. Será que entenderam?

Pronto. Estava criado o clima para a noite de domingo, cheia de emoção, amor e sedução, que junto com o ar, os sons e os aromas do meu velho e querido Braz, fundiam-se criando uma atmosfera plena de vigor, luz, vida e paixão.

Me pergunto: que mais posso falar? Que saudades! Lá, a vita era veramente bella?

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