No ano de 1959, aos 20 anos, trabalhei de vendedor na Chapelaria Paulista, na Quintino Bocaiúva pertinho da Rua Direita. A loja era especialista em chapéus, principalmente da marca Ramenzoni, mas trabalhava também com artigos masculinos como cuecas, camisas, sociais e esporte da marca Ban-ta (mas a Ramenzoni era famosa pela qualidade dos três patinhos estampados em suas etiquetas na altura do colarinho).
A loja era dirigida pelo Seu Nini, que era sócio e sobrinho do Sr. Humberto Zucchi na firma H Zucchi & SOB, proprietária da Chapelaria Paulista.
Éramos quatro vendedores dirigidos pelo querido gerente Sr. Hugo. Os vendedores eram os companheiros que nunca mais soube deles e nem sei se ainda estão vivos: Paulo Bretas, Alicio, Capanema, e eu, Arthur. Mais tarde tivemos mais um vendedor, o Simpliciano, que acabou sendo apelidado de “sacudo” (imaginem a razão…).
O vendedor da Ramenzoni que atendia aos pedidos da Chapelaria era um cara muito amigo e gentil com todos nós e, por esta razão, querido por todos; talvez não fosse só por coincidência, mas ele era conhecido com o nome de Cortes (não sei se era nome ou apelido, mas garanto que era isso que mais ele era).
Bem à frente do Prédio da Chapelaria havia uma Loja, Lá Bela Itália, onde trabalhavam umas moças lindas e nós, da nossa loja, ficávamos diariamente paquerando aquelas beldades quando o movimento estava baixo.
Em novembro de 2010, andando pelo centro velho onde visitei o Velho Martinelli, estiquei até a Praça da Sé para matar a minha velha saudades de minha juventude e mocidade. Ao passar pela Quintino Bocaiúva, qual não foi a minha surpresa ao notar que a Velha Chapelaria estava ali, exatamente no mesmo lugar. As mesmas vitrines, os mesmos balcões!
De repente, eu tive a impressão de estar de volta ao passado. Nunca havia sentido essa gostosa emoção anteriormente. E não resisti à tentação de entrar e pisar no mesmo local onde, há 52 anos passados, eu havia trabalhado no início de minha juventude.
Emocionado, pedi aos vendedores que me atenderam para dar uma olhada pelo estabelecimento naquele ambiente onde tudo me era familiar; tive uma sensação maravilhosa.
Acredito que a mesma seja hoje a loja mais antiga de São Paulo que ainda permanece quase que com as mesmas características físicas da época de sua inauguração (como um verdadeiro e autêntico museu). Se você não acredita, confira pessoalmente.
A proprietária atual é nora e viúva do filho do meu antigo e falecido patrão. Bastante emocionado, nem consegui conversar direito com ela.
Saí da loja muito feliz, e louco para ficar por lá mais um pouquinho, como também com uma vontade imensa de voltar a vê-la outra vez (a loja, é claro).
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