No final da década de 50, o Carnaval de rua em São Paulo era praticamente inexistente. Alguns blocos se aventuravam pelo centro da cidade de maneira desorganizada. Era um movimento espontâneo, sem concursos, sem a presença das celebridades dão cinema ou da televisão, mas extremamente alegres. Em alguns bairros, os desfiles eram mais organizados e as escolas Nenê da Vila Matilde ou Unidos do Peruche desfilavam com garbo e elegância, atraindo a população que para lá se dirigia para assistir ao desfile.
O forte do carnaval nessa época se concentrava nos clubes e nos salões. Quem, como eu, estudava em São Paulo no período carnavalesco, se mandava para suas cidades no interior. Por dois anos seguidos, acho que em 1956 e 57, fui obrigado a permanecer em São Paulo.
Havia dois endereços que ofereciam um bom e animado carnaval mediante ao pagamento do ingresso: o Teatro Paramount na Brigadeiro Luiz Antonio e o Clube Arakan no Aeroporto de Congonhas. O Juca Capasso seguramente ampliará esta lista com outros endereços, para mim, desconhecidos.
Mulheres lindas, orquestras espetaculares se revezando, muita bebida e descontração. No Arakan você encontrava as mais belas mulheres da noite paulistana. Da Rua Major Diogo e adjacências. Luxuosamente fantasiadas, eram praticamente inacessíveis essas deusas da noite.
No Paramount a folia era mais popular e era fácil descolar uma colombina na multidão.
A maioria das marchas e dos sambas eram importados do Rio de Janeiro, e recordo-me que naqueles anos cantou-se muito “Maria Escandalosa”, com Blackout, “Tem nego bebo ai”, com Carmen Costa, “Recordar é viver”, com Gilberto Alves, Turma do funil, Maria Champanhota e outras que se perderam na memória.
O Paramount, anos depois, foi palco de inesquecíveis apresentações de bossa nova, organizadas por Walter Silva, o Pica-pau. O Arakan é apenas uma pálida lembrança de minha alegre e irrecuperável mocidade. Evoé Baco!
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