Bancando o poeta

Pois é moçada!Tem certos momentos em que a gente precisa se virar para não pagar mico.

Certa vez eu arrumei uma namorada lá no bairro em que eu morava, Pirituba, Vila Zatt. A baianinha, chamada Jacira, morava no Jardim São José, na Rua Benedito Andrade, próximo ao Pereira Barreto. Ela tinha uma irmã que atendia pelo nome de Regina, também solteira, que dizia estar “brigada” com o namorado, Vivaldo.

Certa noite, eu estava com a Jacira no portão no maior xamego, quando a Regina apareceu no corredor chamando pela irmã. Ela então me pediu licença para atender a mana e eu consenti. Logo me convidaram para ir com elas à casa de uma amiga que morava lá no Piqueri, na Rua Maria Zélia.

Subimos até a Avenida Paula Ferreira pra pegar o “busão”. Eu sabia maios ou menos o quanto tinha no bolso, mas na volta a minha grana já tinha minguado. Se eu estivesse somente com a namorada estaria tudo certo, mas a irmã também estava junto, não conseguiria arcar com as despesas.

Pegamos o “latão”, como chamávamos os ônibus naquele tempo, e fomos ao destino combinado. Ficamos lá por volta de uma hora, tomamos café, o pessoal me tratou muito bem e já estava na hora de voltar, pois no dia seguinte tinha que acordar cedo.

Nós nos despedimos do pessoal e íamos subindo a Rua Maria Zélia quando a Regina falou para a irmã:
– “Oh Jacira, vamô vê se nóis pega o ônibus logo, já é oito e meia”.

Eu tinha a minha proposta engatilhada e já fui dizendo:
-“O que é isso minha gente? Uma noite linda, de lua cheia, convidativa para o amor, vamos a pé e curtimos a noite que esta linda!”

Quando elas concordaram dei um suspiro aliviado, a irmã dela estava questionando a nossa volta no SP2.

E-mail: [email protected]