Praticamente nasci na Avenida Rebouças, quando minha família mudou para o sobrado da referida rua em 1941, cujo número era 140, eu tinha apenas um ano.
Naquela época, a avenida fervilhava, multidões incessantes, andava-se mais a pé, do que em automóvel, o sobradão era imenso, fiquei sabendo recentemente, que foi construído pelo escritório de Ramos de Azevedo e pertencia a empresa Colonizadora, ficava quase em frente à Alameda Santos, à direita de quem vai para a Avenida Doutor Arnaldo, no pequeno trecho entre o casario, haviam postos de gasolina.
O Esso ficava na esquina da Avenida Paulista, o Texaco na outra ponta fazia esquina com a Avenida Angélica. Em frente à residência, numa espécie de ilha, ficava o da Shell, artisticamente construído, servia de área de lazer aos domingos, quando permanecia fechado.
Nossa como as pessoas daquela época eram diferentes. A colônia italiana era imensa, assim como a de libaneses, que predominavam na Avenida Angélica e na Avenida Paulista.
Minha alegria infantil era frequentar o Parque Trianon, lá nos pequenos balanços, passava momentos felizes. Depois veio o Grupo Escolar São Paulo, na Rua da Consolação, lá ia eu de sainha pregueada azul marinho e a blusinha branca. Meninas numa classe, meninos em outra. Não havia classes mistas. Lembro-me da minha primeira professora, Dona Maria Augusta, mulher distinta já na meia idade, parecia uma Sinhá severa. Quando tirou licença foi substituída por uma professora negra, Dona Diva. Era jovem, bonita, se vestia impecavelmente, tinha muita elegância e classe. Depois vieram outras, entre elas Dona Jerseey, uma distinta senhora filha de ingleses.
Havia vizinhos simpáticos, comerciantes na sua maioria, do lado direito havia o empório Tadao Oda, à esquerda ficava a Sapataria DelNer.
Em 1948, tivemos que mudar, a propriedade foi vendida para dar lugar a um prédio, fomos para Pinheiros.
Tenho boas recordações daquele tempo. Infelizmente não possuo nenhuma foto daquele local daquela época, as fotografias das maquininhas Kodak, com o tempo deixaram de existir, ficaram as lembranças.
Hoje quando passo naquele trecho do poderoso Bairro de Cerqueira César, a impressão que tenho é que vivi em outro planeta.
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