Em 1954, não havia ultrassom. E minha mãe, que media 1,50 de altura, dizia que estava um barrilzinho, todos achavam que iria nascer um bebezão criado, de pelo menos quatro kgs. Bom ela estava torcendo para esse bebezão nascer no dia 25/01/1954, aniversário de São Paulo e o bebe que nascesse nesta data do quarto centenário iria receber um prêmio, uma quantia em dinheiro dado pelo prefeito de São Paulo.
Engraçado que a minha madrinha havia feito com minha mãe uma brincadeira: a madrinha Cré (Cristina) pediu para minha mãe mostrar a mão, para ver se adivinhava o sexo da criança e minha mãe mostrou as duas mãos viradas para cima, então a madrinha Cré falou que minha mãe iria ter duas meninas. Esse foi o Ultrassom daquela época. A brincadeira ou simpatia consistia no seguinte se a mão estivesse espalmada para cima seria menina se mostrasse a mão virada para baixo seria menino. Com minha mãe funcionou! Hoje em dia temos Ultrassom 3D.
Pois é, apesar de estar enorme, ainda faltavam 58 dias, praticamente dois meses para que ela e o médico e toda a equipe fossem surpreendidos com o nosso nascimento. Tudo isso lógico foi contado pela nossa mãe. Ela deu entrada no hospital em uma segunda-feira, ainda por cima enquanto ela estava de resguardo, teve que aguentar toda a barulheira dos blocos carnavalescos que passavam próximo ao hospital, pois era terça-feira de carnaval.
O médico me tirou primeiro e depois de um tempo a enfermeira e ele notaram que havia mais uma criança, aí veio a Silvia, 20 minutos depois. Como minha mãe achava que era um bebezão ela e minha Tia Ercilia, que na realidade era prima de minha mãe, fizeram um enxoval para receber um bebe grande, aí aparece duas mirradinhas, eu com dois kg e a Silvia com 2,50 kg, foi um sufoco elas precisaram cortar as mangas dos pagãozinhos (casaquinhos) e as pernas dos mijãozinhos (calça comprida) tudo às pressas para servir as gêmeas, além de improvisar fraldas de lençol, pois não havia fraldas suficientes para duas crianças.
Bom nem preciso dizer que minha mãe teve que arrumar uma ama de leite para mim, eu sei que tive como irmã de leite uma menina que se chamava Neuza Gomide e morava lá no Ipiranga, Vila Nair, acho que na Rua 5 de Julho, já procurei no Orkut, mas não encontrei.
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