Corintiano

Vou tentar relatar um pouco de eu ser corintiano. Na verdade, meus pais nunca foram corintianos (eram japoneses e nem ligavam para isso), os meus parentes ou são palmeirenses, ou são-paulinos ou santistas, mas torcem o nariz para o Corinthians. Na verdade, tenho amor pelo time, mas nunca de forma exacerbada como alguns torcedores que vão às raias do fanatismo. Como dizia – talvez – Vicente Mateus: "Tudo que é demais, é demasiado!". Sou um torcedor, digamos, simples, pois gosto de todos os outros mesmo os do interior paulista, desde o XV de Jaú, XV de Piracicaba, passando pelos dois times de Ribeirão Preto, os dois "grandes" de Campinas, os seletos da capital e o time praiano do nosso litoral, todos porque são paulistas.

A minha preferência pelo time não foram os ídolos de futebol nem as conquistas dos campeonatos nos idos tempos do início da década de 1950 onde o Corinthians era destaque e chegou a conquistar o título de campeão do IV Centenário da cidade de São Paulo. Naquela época, eu ganhara de presente um botão isolado do jogo de botão do time que havia se desfragmentado com outras peças tornando inútil o kit que ficara incompleto.

O símbolo do time, com o timão e dois remos e no centro a bandeira paulista guardava esta peça com muito carinho.

Muito tempo depois, eu como brasileiro, paulista e paulistano me orgulhava do meu estado, o mais rico a ponto de, a nossa bandeira paulista "carregar o Brasil nas costas", única a ter estampada o mapa do país por inteiro.

Esse ufanismo levo comigo para sempre e vejo também no brasão do Corinthians com a bandeira do meu estado, eis porque sou torcedor deste time, que traz a bandeira paulista.

Nos meus tempos ginasianos, obrigatoriamente, estudava os mapas, bandeiras e brasões e os de São Paulo, claro, achava os mais belos, mais significativos e mais importantes do meu país, sem desprezar os de outros estados. Senão, vejamos: Brasão do nosso estado – tem o lema "Pro Brasilia Fiant Eximia", que quer dizer "Pelo Brasil façam-se grandes coisas"; Brasão de São Paulo – a nossa querida Sampa – o lema diz "Non Dvcor Dvco", ou seja, "Não sou conduzido conduzo". Que bela expressão!

Esse fascínio o tenho até hoje, tanto que quando eu morava sozinho na Liberdade fui certa vez procurar uma pensão no bairro do Ipiranga e a minha preferência caiu sobre o nome de uma rua chamada Leais Paulistanos. Sinceramente, não é minha invencionice, mas é que naquele tempo eu tinha amigos vindos do interior paulista que moravam nesta rua.

Onde quer que eu vá morar, carrego comigo a nossa bandeira paulista, porque a do Corinthians a gente encontra em qualquer lugar do país, mas do nosso estado é mais difícil. Hoje vivo em Santa Catarina, amo o lugar chamado Fraiburgo – Terra da Maçã – um escondido encravado no Meio-Oeste Catarinense. É um paraíso porque todos se conhecem e a violência ainda não grassa a nossa região, salvo alguns acidentes causados pela imprudência dos motoristas, mas isso já é outra história.

Voltemos ao Corinthians. Depois da conquista em 1954, o time amargou um jejum de 21 anos, daí chamado de "sofredor" o corintiano. Mas, corintiano é assim, mesmo com todo esse sofrimento ele é "fiel" ao seu time. Eu sofri calado. Hoje ele é campeão da Libertadores, trouxe o caneco da Copa Mundial de Clubes da Fifa, é um grande feito, mas agora é torcer pela Tríplice Coroa, ou seja, disputar a Recopa Sul Americana.

Mas, nada de fanatismo. Sou apenas um modesto torcedor corintiano. Só isso!

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