Andei de teco-teco

Às vezes fico a pensar que Deus sempre cuidou de mim e de meus irmãos. Porque nós saiamos andando e íamos para lugares muito longe da minha casa, brincávamos, conhecíamos lugares e depois voltávamos. Morávamos na Vila Guilherme, na Rua Joaquina Ramalho, muitas vezes saíamos a andar, eu e meus irmãos Carmelina, José e João, que eram os maiores, o menor Gilberto ficava para trás com minha mãe.

Não muito longe da minha casa atrás do antigo e extinto canal 9, que depois passou a ser sbt, tinha uma lagoa em que os galhos cruzavam em cima da água e formavam um tapete de ramos entrelaçados que andávamos por cima, aquilo balançava tudo e acho que a gente não sabia o que era perigo, pois soube de muitas crianças que morreram ali.

Andávamos muito, íamos cortando caminho, atravessávamos muitos terrenos baldios, saíamos na Rua Maria Cândida, passávamos a Ataliba Leonel e saíamos no Campo de Marte. Lembro de uma vez que estávamos olhando os aviões, quando um instrutor de voo perguntou se a minha irmã queria ir, ela respondeu que sim, só vi o avião ganhar altura com a minha irmã a bordo, que falta de juízo.

Mas não demorou muito e eu estava esperando e olhando para o céu a espera do avião, quando um instrutor me perguntou se eu também queria dar uma volta, claro aceitei na hora, eu, o instrutor e o aluno, ele me deu as orientações e falou que se não me sentisse bem era só erguer a mão que ele voltaria e assim fiz, foi um passeio muito rápido e gostei muito, foi a única vez que andei de Teco-Teco, lembro até as iniciais PT CNG.

Naquele tempo não existia tanta maldade, São Paulo me deu muitas alegrias, voltamos para casa naquele dia muito felizes.

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