A minha, a sua, a nossa cidade

Nasci aqui, em frente ao Museu do Ipiranga; não faria diferença nenhuma se não tivesse nascido aqui, mas aquela ponta de orgulho por isso fica sempre cutucando a ponta da língua e, no caso desse texto, a ponta dos dedos. Orgulho bobo, eu sei, mas me orgulho dessa bobeira.

Nesse mês, assim como em todo mês de janeiro, sinto-me homenageada junto com a cidade.

Quando as músicas alusivas a 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, começam a tocar nas rádios, nos comerciais de TV, nos jornais e mídias em geral, olho e ouço cada um deles e agradeço mentalmente.

– “São Paulo que amanhece trabalhando…" – Obrigada!

– "Alguma coisa acontece no meu coração…" – Obrigada!

E assim, de homenagem em homenagem apresentadas, meus agradecimentos mentais vão se multiplicando, na mesma medida em que as lembranças eternas dessa metrópole vão povoando a mente e os pensamentos:

“Misto quente e sundae das Lojas Americanas da Rua Direita; Parque Shangai no Parque D. Pedro II; Restaurante do Papai e Pastelaria Modelo ambos na Praça da Sé; Guarda Luizinho na Rua Xavier de Toledo; o eterno Mappin e seu relógio; Lojas Piter ao lado do Teatro Municipal; Praça da República com seus jardins e lagos com muitos peixinhos; Padaria Santa Tereza na Praça João Mendes; teatros, teatros, teatros, shows, shows; primeiro cinema com tela e efeitos especiais, etc. etc. etc.".

Parabéns, respeitável e jovem senhora, que apesar de seus 458 anos, age, pensa e luta como uma verdadeira guerreira quando atacada, e como uma verdadeira “lady" quando a ocasião merece.

Braços sempre abertos e coração de mãe, sempre dá um jeitinho de receber mais um na sua casa, fazendo um "puxadinho" para o leste, outro para o oeste, às vezes faz um alongamento para o norte, uma flexão para o sul, e assim chegamos a espantosos 11 milhões de irmãos aqui nascidos e aqui chegados, lutando, trabalhando, matando um leão por dia, e, porque não dizer, se divertindo junto com nossa enorme anfitriã.

Parafraseando a moçada do bem que habita esse imenso espaço urbano: "tamo junto mana", para o que der e vier!

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