A casinha

Vivo em São Paulo, mas tenho uma casinha no interior. Nós temos uma casinha tão pequenininha, mas é a nossa casinha e lá nós não somos mais felizes do que em outros lugares, porque o que nos faz feliz é mais do que um determinado local, mas o amor que nos une, no entanto, nessa casinhola, de que falo, nos sentimos exageradamente bem. <br><br>Tem limão. Tem! Tem Pitanga. Tem! Tem acerola. Tem também, lá tem todas essas plantinhas que planta quem tem pouca terra para plantar.<br><br>Uma vez, faz tempo, tivemos ali a "Guerra dos vegetais", “signifique lá o que isso significar”.<br><br>Tem uma água fresquinha, que vem lá da serra. E tem um céu azul e um sol que dá o que pensar. Ah, e "araras", que na verdade não são araras, mas maritacas, que sobrevoam por ali.<br><br>Tem uma praça em frente, com arvorezinhas, grama rala, e um “bambual” (esta praça é o campinho de treino, nas pré-temporadas futebolísticas).<br><br>Tem um riacho oculto, oculto sim, mas o barulhinho está ali para quem quiser ouvir e tentar localizar as minúsculas cachoeiras que os seixos e pedrinhas claras formam em seu leito, neste eterno "riachar".<br><br>Ando pensando muito nas possibilidades e impossibilidades da vida, em todas as coisas que tenho visto e vivido e acho que concluo que o lugar é lá.<br><br>Parafraseando o grande Autran, "mineiríssimo", eu gosto de pensar que "cada um tem sua forma própria de procurar o nada" e ali, na nossa casinha, é onde encontro minha forma mais amena de fazer nada (a colocação do Autran tinha ou tem uma carga dramática que deixei de lado; interessa-me apenas o deleite de ficar de papo para o ar, sem mergulhos analíticos na psique). <br> <br>Vivo em São Paulo. Adoro tudo isso, mas me reconforta saber que São Sebastião do Jaguary é logo ali e que nossa casinha está lá, sempre pronta a nos abrigar.<br><br><br>E-mail: [email protected]