A botina amarela de Santo Amaro/SP

Hoje o termo se tornou a outorga "Troféu Botina Amarela" de relevância para todo santamarense, anualmente concedido pelo Centro de Tradições de Santo Amaro. Representa a identidade "caipira" daquela que "é" a Cidade de Santo Amaro. Há ainda, nesta representação, o "Museu Histórico de Santo Amaro", que encarna a vida desta postura daqueles que sentem esta importância cultural.

Há algumas condições que permanecem embutidas nesta filosofia: Supõe-se que o termo tenha tido algumas versões ao longo do tempo, neste espaço de 640 km², que já foi um município independente com particularidades únicas em suas festas e expressões como a Festa do Divino, sua culinária típica do tropeiro, com a pururuca crocante, um virado em "minestra" de coisas típicas da lavoura, seguida da prosa e da viola chorada típica da "boca de sertão", cantoria entoada no meio de um fogo a lenha próximo do galpão onde "descansavam" as ferramentas da "lida" da roça, foices, enxadas, enxós, machado, e um cavalo livre dos arreios que servirá como montaria, um dia, na Romaria de Pirapora (há interesse em fazer das romarias patrimônio histórico e para isso pensa-se em tombamento junto aos órgãos competentes!).<br><br>O agraciado "Botinado", significativo àqueles que possuem o mérito, tem o nobre dever de representar suas origens onde porventura esteja a memória da ancestralidade em quaisquer situações, manter a honradez além da ética que condiz com estas tradições que nasceram no Município desde suas estruturas de vilarejo. <br><br>Santo Amaro sempre teve relações de confiança com a Capital paulista, selando este compromisso na Revolução Constitucionalista, sendo responsável pelo abastecimento de produtos agrícolas e, além disso, fornecer à cidade combustível disponível anterior à energia elétrica: o carvão vegetal. <br><br>Nessas idas e vindas de circulação do campo para a cidade e vice versa havia o contato com doenças desconhecidas de então, combatidas com as condições que se tinha conhecimento, onde os sanitaristas requisitavam pequena infraestrutura de higiene básica evitando-se esgoto a céu aberto, combatendo, desse modo, doenças típicas tropicais e requisitando a população às condições mínimas para evitar que ficassem acamados. <br><br>Os trabalhadores da lavoura de Santo Amaro usavam como proteção, botinas de couro curtido que possuía uma coloração próxima ao amarelo, impregnada de terra de um tom meio alaranjado somado a um vermelho vivo. Para transitarem e para transportarem mercadorias para a Província, no mercado de abastecimento municipal, usavam as mesmas vestimentas usadas na labuta em Santo Amaro, com botina fabricada artesanalmente pelas "indústrias" familiares santamarenses, com solado de couro, com costura grossa e couro bem tratado. Assim, ficou registrada essa marca em toda a Província, onde o brasão define esta gentilidade antiga: "ANTIQUISSIMUM GENUS PAULISTA MEUM".<br><br>Entre os contadores de "causos" chegou-nos esta oralidade que é transmitida como identidade local, e deste modo, continuam a falar uns aos outros como matutos bem vividos: “Contei e afirmo ser a verdade!” Pode ser que existam outras versões e seria interessante se existissem outras, mas está feito como me foi dito e feito está. “Cada saber é um saber a saber”.<br><br>O Centro de Tradições de Santo Amaro, o Museu Histórico e a Hemeroteca, do jornalismo de Santo Amaro, estão localizados na Avenida Professor Alceu Maynard de Araújo, número 32.<br><br><br>E-mail: [email protected]