Vozes da rua

Quem viveu em Perdizes nos anos 1960, certamente vai se lembrar dessa história. Mas saberá por certo explicar?
O silêncio das alamedas do bairro era de vez em quando quebrado com os gritos de: "POMPAROPA" "POMPAROPA" "POMPARIO PA"!
Era um tipo que, pelo sotaque, deveria ser oriental, ou euro-oriental, sei lá, e que corria o bairro comprando roupas usadas para um brechó. Eu particularmente nunca vi o sujeito, mas ouvia esse chamado até dentro das salas de aula do Colégio Santa Marcelina.
Um outro berro era então mais enigmático ainda: aparentemente um indigente ou um morador de rua, sempre que passava pelas Ruas Caiubi, Cardoso de Almeida e Wanderley, agitava um velho um jornal e aos berros dizia: "Getúlio Vargas, TAPETE, TAPETE". E eu, nos meus 7 ou 8 anos de vida, tentava desvendar o mistério: minha avó uma vez me disse: "Ele devia ser sido dono de uma fábrica de tapetes e o presidente deve ter-lhe expropriado…". Um vizinho disse que era por causa da entrada do Brasil na II Guerra, aconselhado pelos "Yankees".
Quem conheceu o tal personagem, acredito que possa saber a verdade.

e-mail d autor: [email protected]