Voltando aos batedores de carteira do Penha – Lapa

Lendo o relato do Edmir Spíndola, viajei no tempo. Quando ainda era menor de idade e morava na Penha, usava diariamente essa linha de ônibus. Era super lotada, mas lotada mesmo! Certa vez, na ida, na época eu trabalhava na Rua Formosa, 367 e, ainda na Penha, percebi a mão de uma mulher revirando a minha bolsa. A minha reação foi, digamos, ridícula! Olhei bem para ela e pedi que, por favor, tirasse a mão de dentro da minha bolsa! Ela, uma senhora baixinha e bem gordinha, com cabelos no ombro, cinicamente me disse que não estava fazendo nada… Não tive nenhuma outra reação, mas ela não levou nada.

Um outro dia, após ter recebido o vale, fui até o Mappin e comprei shampoo e condicionador da Payot (eu gostava muito dos produtos dessa marca), um creme e mais algumas coisinhas e coloquei-os dentro da bolsa. Era uma bolsa de couro cru, grande e de alças longas. Eu adorava aquela bolsa porque cabia de tudo nela! Como era muito profunda, tudo que nela era colocado ia automaticamente para o fundo. Eu já tinha o dinheiro da condução separado, então os produtos acabaram ficaram sobre a carteira com o restante do dinheiro do vale.

De repente, senti que tinha alguém mexendo na minha bolsa e me virei para olhar: era um homem jovem, cuja mão deveria estar abocanhando tudo o que havia na bolsa; pelo jeito, as costas de sua mão já estavam em contato com o fundo da bolsa. Não consegui fazer escândalo para que prendessem o ladrão! Simplesmente, na minha aflição, disse:
– “por favor, tire a sua mão de dentro da minha bolsa? Não tem nada aí que possa lhe interessar!”
Ele me olhou e ainda com a mão dentro da bolsa, disse que eu estava enganada, que ele não estava fazendo nada! Exatamente como a mulher havia feito comigo em outra ocasião… Ele desceu no próximo ponto. Gostaria de ter tido uma reação mais enérgica, gritado, pedido ao motorista que parasse o ônibus, sei lá, que eu tivesse tido uma reação diferente! Mas, na hora "H", a gente não escolhe a nossa reação… Simplesmente reagimos e pronto! Até hoje meus filhos riem e gozam um pouco de mim por ter pedido "por favor" aos ladrões!

E-mail: [email protected]