Cá estou eu a contar outra historia da minha vida. Chegamos à S.Paulo no ano de 1949, março mais precisamente. Minha mãe uma mulher forte e corajosa estava vindo do interior com quatro de seus filhos à procura de uma igreja que há muito ela conhecia, mas que tinha perdido de vista. Seu sonho começava a se realizar e eu fazia parte dessa historia.
Aportamos-nos na casa da prima Jandira no Jabaquara e que com muito amor nos acolheu, pois ela mesma foi nos buscar na cidade de Rio Claro e nos trouxe pra cá. Um belo sábado lá estava eu e minha mãe adentrando a tão sonhada igreja para nunca mais sair.
Nossa vida continuou com bastante dificuldade, mas a alegria de estar em São Paulo e frequentando a igreja era demais. Cresci andando pela Vila Maria pra baixo e pra cima subindo e descendo o morro, pois naquela época não havia transporte até o Alto da Vila. Mas era muito legal descer toda manhã e ir tomar o bondinho na Pça. Santo Eduardo.
Lá encontrávamos com a turma, eram uns 15 rapazes e moças que se encontravam todos os dias para ir trabalhar e era sempre uma festa. De vez em quando surgia uma paquera, nada sério, mas que nos fazia ficarmos muito felizes.
Morei na Vila por 35 anos só saindo de lá porque resolvi comprar uma casa pra viver com mais sossego. Mas todos os sábados invariavelmente volto a vila. Vou à igreja, encontro os amigos e louvo a Deus porque Ele realizou o sonho de meus pais dando-me a alegria de viver em um ambiente feliz e saudável pelo resto dos meus dias.
Vila Maria, Rua Felipe bandeira, Pça. Cosmorama e o velho bonde que me levava ao centro para trabalhar, namorar e para viver dias que jamais vou esquecer, pois foram muito belos na vida de uma menininha que cresceu vendo o progresso desse bairro tão querido.
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