(Homenagem à minha querida esposa, Myrtes)
Amando como poucas, sem receio algum,
Myrtes, linda, com a felicidade, sonha;
não permite que nada aconteça,
pra anular a paixão comum
e deixar que o amor esmoreça.
Vida e luta de trabalho, na feira,
não deixa de lado a atenção
que o amado sempre espera.
Modesto, em escolha certeira,
tem pela amada, sincera paixão,
e a felicidade, derradeira.
Economia restrita e pequena,
feirante, sem trégua sem medo,
calor, chuva, frio, sem incomodar.
Dia dos Namorados, que pena,
de manhãzinha, bem cedo,
pro meu amor, o que vou dar?
Esperta e viva, seu irmão vai consultar, o que poderia ser
feito, um mimo por mais simples, ofertar.
Vitório, noivo, pronto pra casar,
poderia dispor só um mínimo,
além do minguado, não pode dar.
Vendedor, com irmãos trabalhando,
sendo clientes só os feirantes,
nesse mister a Myrtes conheceu;
no primeiro momento, só olhando…
dias seguintes, mais inebriantes,
o esperado momento, aconteceu!
Na feira do Cambuci, onde ela mora,
surpreende a Myrtes com o apelo;
ela, envergando um simples vestido,
ouve o tímido Modesto, agora,
linda, longos cabelos, sorriso anelo,
o tão esperado e aguardado pedido.
Namoro sequioso, briguento e ciumento,
seguem, sem dar tréguas a dúvidas,
o amor a tudo superar e nada ceder.
Como tempestades que, de momento,
surgem, de repente, não são ouvidas,
nada de mal, essa paixão, pode deter.
Myrtes, preocupada em presentear,
procura meios, como ofertar,
um valor, de ninguém esperar,
porém, custe o que custar,
esse presente ela tem que dar.
Idéias mil, sua cabeça a trabalhar,
surge, na figura de um representante.
Se o Vitório comprar sabão Platino
em quantidade superior, iria batalhar,
um relógio, sem custo, nem desatino,
a empresa do sabão, vai lhe dar.
Vitório titubeia, a quantidade é alta
teria sabão pra todo o ano,
um capital empatado mas, o preço,
com a revenda, o lucro salta.
Faço pela Myrtes, minha irmã, eu a amo.
Faz o pedido, mandar, nesse endereço.
Desconfiada por natureza, ganha o presente.
Pronto, brinca o irmão, um presentão,
pro querido amor, seu namorado.
Você não acha o brinde bem diferente,
daquilo que o vendedor tinha em mãos.
Querida, melhor que isso, só comprado.
Num rasgo de ousada iniciativa,
diz a si mesma, essa droga não vou dar
pro Modesto, coisa melhor ele merece.
Contata papelaria, sempre criativa,
compra impressos, o relógio vai rifar,
vende os números a todos que aparece.
Moça pobre, mimo pra si, não quer dar,
não regateia, o presente vai comprar.
Total arrecadado, suficiente pra gastar,
naquilo que está a calcular.
Com este gesto, de amor sincero,
desprovido de egoísmo e ambição,
vai à Casa da Ópera, na rua Direita,
"Um corte de linho irlandês, eu quero,
branco, pra dar a minha paixão,
se ele é meu escolhido, sou sua eleita.
Ao prestar essa homenagem
a minha querida Myrtes, amor eterno
digo que, do corte de linho irlandês,
resultado de sua insistência e coragem,
fiz um belíssimo e atraente terno,
deixando boquiaberto até quem o fez.
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