Eu tinha 14 anos de idade. Morava na Rua Catumby, no Belenzinho, do lado do Cine Catumby, da empreza Rozatti & Cezarini. Namorava uma menina linda, filha de um dentista.
Um dia fui convidado para ir com ela em uma festa de casamento no salão que ficava em cima da Confeitaria Londres, na Avenida Celso Garcia, em frente à Rua Belém.
Lembrei hoje desta história depois de ler no site algumas citações sobre o cantor Carlos Galhardo.
Na festa, fui abordado por um rapaz conhecido no bairro por seu gênio briguento e também por ser considerado um elemento metido em atividades não muito licitas. Seu nome era Carlos e devia ter perto de 24 anos, que me disse: "Vocês dois formam um lindo casalzinho, são os mais bonitos da festa", e afastou-se.
Havia também no baile um grupo de cinco ou seis garotos mais ou menos da minha idade. Um deles se aproximou de minha garota e a convidou para dançar. Achei aquilo uma afronta e tentei impedir que ele a tirasse para dançar quando fui cercado pelo resto deles com atitudes ameaçadoras. Tremi, pois não ia conseguir nada contra cinco garotos arruaceiros. De repente, com o surgido do nada, aparece Carlos, entra na roda já com a mão no peito do que estava junto com a Linda, empurra ele com firmeza, põe ela ao meu lado e fala: "Vá dançar sossegado, destes cuido eu".
Os garotos se afastaram rápidos e eu não os vi mais no baile. Ah! A música que estava tocando na vitrola era "Fascinação", cantada por Carlos Galhardo.
Depois de um certo tempo, ela mudou de bairro e nunca mais a vi. Mas garanto que se de alguma forma ela ler esta história, vai lembrar daquele baile na festa de casamento.
E olhem que já se passaram sessenta anos.
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